Moradores de uma área invadida no bairro Vila Nova III em Bento Gonçalves realizaram um protesto em frente à Prefeitura Municipal na tarde desta quarta-feira, 11. Eles querem um apoio do Poder Público para que consigam um local para morar. Uma decisão da Justiça, expedida em 28 de março pela 2ª Vara Cível da Comarca de Bento Gonçalves autorizou o a reintegração de posse da área, pertencente à Anelice Cantelli Menegotto, autora da ação.

Durante a manifestação Glaucia e Claudise Chaves, moradoras do local, que recebeu o título de Loteamento da Liberdade, contam que na semana passada foram notificadas da ação e que precisam sair da área no prazo máximo de 15 dias. No entanto, sem perspectivas, ambas não sabem o que fazer, caso sejam despejadas. “Viemos para cá pedir uma ajuda da Prefeitura. Nós não queremos a área de graça. Nós pagamos um pouquinho por vez. Todo aquele terreno estava jogado, cheio de matos e cavalos. Hoje, há mais de 400 pessoas morando lá”, afirma Glaucia. “Tudo o que era tipo de lixo era jogado lá. Ninguém mandava no terreno. Entramos, construímos casas e agora vem essa decisão e não sabemos para onde ir”, lamenta Claudise.

Após cerca de uma hora de reunião, os representantes dos moradores saíram da Prefeitura com a informação de que o Poder Público não poderia arcar com as despesas exigidas no processo e que exigiam que o município arcasse com as despesas para a remoção dos morados da área invadida. Josenil Rodrigues de Mello, representante dos moradores explicou aos manifestantes os próximos passos que o grupo deve tomar para tentar, na Justiça, a negociação para a compra dos terrenos no local. “O processo está em andamento e nos foi passado que devemos, judicialmente, entrar em um acordo com a família Menegotto, a fim de conseguirmos uma solução para ambas as partes. O advogado que está nos representando entrou com uma ação hoje e vamos aguardar o desenrolar dessa história”, explica.

Segundo Mello, em conversas com moradores do loteamento, um dos proprietários do terreno havia informado que aceitaria negociar a venda dos espaços, porém, tudo deverá ser negociado via Justiça. “Como represente dos moradores, aceitamos esse acordo, pois ninguém está lá por que quer. Então, vai ser tentando um acordo com a família para buscar uma solução”, explica.

Relembre o caso

Invasão no Vila Nova: Famílias em busca de moradia digna

Centenas de famílias montaram barracos em um terreno que foi invadido entre o bairro Vilanova II e III e o loteamento Bortolini. São mais de 400 pessoas que não tem para onde ir e decidiram buscar um espaço para construir seu novo lar. Por não estar sendo utilizado pelos proprietários, o local foi o escolhido para a construção das casas. Os motivos para a chegada de famílias ao terreno vão desde o alto valor do aluguel até a falta de emprego. Os invasores, como são chamados, garantem que este foi o meio encontrado para conseguirem viver com suas famílias. Em condições precárias, sem luz, água e esgoto, eles se viram, construindo seus casebres em meio ao mato e esperando por um posicionamento dos órgãos municipais e da Justiça, que deve expedir a decisão de reintegração de posse nos próximos dias. Enquanto isso, o número de assentados não para de crescer. Famílias apontam falta de planejamento e políticas públicas para diminuir o problema.