Órgãos municipais dão pontapé inicial aos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher em evento na Casa das Artes, nesta sexta-feira pela manhã

Na sexta-feira, 25, foi o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres. O alerta é para que, no mundo todo, haja o fim de crimes como feminicídio, entre outros praticados contra pessoas do sexo feminino, principalmente em relacionamentos abusivos.

De acordo com a coordenadora do Centro Revivi e Coordenadoria da Mulher, Patrícia Da Rold, a mulher precisa estar atenta aos primeiros sinais, pois muitas vezes não percebe que o que está passando é característico de tipos de violência. “Normalmente inicia com ofensas, humilhações, piadas, chantagens, xingamentos e mentiras, se agravando e seguindo com o controle, proibições, ameaças, intimidações, confinamento, empurrões, machucados, golpes e destruição de bens materiais, chegando aos atentados à vida, abuso sexual, mutilação, ameaça com armas e, por fim, aos feminicídos”, destaca.

Quando a mulher passar por isso, não é necessário que se sinta sozinha, pois há centros de apoio para dar suporte a ela. Conforme Patrícia, a melhor forma de sair do ciclo da violência é pedindo ajuda e denunciando. “É importante buscar suporte na família, procurar a Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher (Deam) ou a Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA), para fazer a denúncia e ocorrência policial, e o Centro Revivi para receber acompanhamento psicológico e assistencial, se fortalecendo para não retornar ao agressor e recomeçar sua vida. Ela também pode denunciar pelo 180, que é um canal nacional e, em casos de emergência, deve ligar para a Brigada Militar, no 190”, aconselha.

Sabe-se que, em alguns casos, depender financeiramente do companheiro é um dos motivos que faz com que a mulher volte a um relacionamento abusivo. Nesses casos, a coordenadora ressalta que é importante que ela peça, em um primeiro momento, apoio da família. “E que busque a reinserção no mercado de trabalho para a conquista da sua independência financeira”, indica.

Para ela, o acompanhamento psicossocial é de grande valia para as que estão em situação de violência. “Sendo ainda mais importante quando a mesma possui filhos, visto a necessidade de orientá-la a buscar seus direitos e dos menores, a regularização da pensão alimentícia e guarda e o acompanhamento psicológico a eles, quando necessário”, pontua.

Apesar de saberem que têm apoio, o receio ainda pode tomar conta de algumas mulheres, mas é possível vencê-lo. “Para enfrentar o medo é importante que as vítimas se encorajem e que busquem informações sobre a rede de proteção à mulher do município, conhecendo toda a estrutura que está pronta para lhes dar apoio”, reitera.

Apenas neste ano, o Revivi já realizou 122 novos atendimentos, para mulheres que sofreram violência e foram em busca de suporte. Além disso, foram 1.597 totais.

De acordo com a delegada da Deam, Deise Salton Brancher Ruschel, neste ano foram dez prisões de agressores, entre preventivas e flagrantes, e mais de 1.100 ocorrências de vítimas de violência doméstica e familiar. “Com certeza temos mais do que isso, porque muitas chegam até nós através de denúncias, então esse número não reflete o real, pois existem as mulheres que não comunicam o que estão sofrendo”, menciona.

A delegada explica que a mulher pode requerer medidas protetivas todas as vezes que entender que está vivenciando riscos que configurem algum tipo de violência. “Sempre que ela estiver nessa situação, pode buscar apoio de toda a rede, que começa com o registro de ocorrência na Delegacia de Polícia. Dentre as medidas protetivas temos o afastamento agressor do lar, a proibição do de fazer contato, restrição quando ao porte e posse de arma de fogo, justamente para parar esses riscos”, resume.

Zilda Marques da Silva Nuncio, Liani Lourdes Leismann e Silva, Cassiele Leon, Izabel Pasin, Patrícia Da Rold, Ana Júlia Dierings, Silvânia Beatriz Pilan e Miro Madruga Pereira

Ativismo contra violência doméstica inicia em Bento

Em homenagem à data, a Secretaria de Esportes e Desenvolvimento Social (Sedes), por meio da Coordenadoria da Mulher e Centro Revivi, deu o pontapé inicial aos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher em evento na Casa das Artes, nesta sexta-feira pela manhã. Na oportunidade, foram premiados os vencedores do II Concurso de Redação, que trouxe como tema “Estratégias para quebrar o Ciclo de Violência Doméstica”.

Entre os vencedores do concurso, na categoria séries finais do ensino fundamental, Lucas Sangali, da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Ernesto Dorneles, ficou em primeiro lugar; Maria Eduarda Monteiro Gibicoski de Souza em segundo, do Colégio Scalabriniano Nossa Senhora Medianeira, e, em terceiro, Eduarda Bruschi Faleiro, do Colégio Cenecista de Bento Gonçalves. Já na categoria ensino médio, em primeiro ficou a estudante da Escola Municipal de Ensino Médio (EMEM) Alfredo Aveline, Gabriela Azevedo Liell, em segundo se classificou Marina Luiza Scarton, do Colégio Estadual Dona Isabel, e o terceiro, do Colégio Visconde de Bom Retiro, Matheus Sampert.

Na presença de autoridades municipais, diretores, professores, estudantes e familiares, o secretário responsável pela Sedes, Eduardo Virissimo, destacou a importância de todos lutarem pela causa. “Que as mulheres sejam respeitadas pelo que são e pelo que fazem, não só pela sua família, mas pela sociedade. Tenho certeza que no coração de vocês foi plantado algo que vai percorrer por pessoas próximas, vai ser levado adiante. A cada enfrentamento, nossa equipe tira uma nova percepção e um novo olhar”, frisou.

A promotora de Justiça, Lisiane Messerschmidt Rubin, sublinhou que, no Brasil, a cada dois minutos é reportada uma notícia de agressão contra mulher. “A cada dia, três vítimas são mortas. Só esses dados já são assustadores e remetem à necessidade de debater isso, que é o trabalho que tem sido feito pela Coordenadoria e pela Sedes. Temos vários mecanismos de proteção, mas não adianta termos a lei se a sociedade não discutir, porque violência doméstica não deve ser falada apenas entre marido e mulher”, reforçou.

O secretário de Segurança, Paulo César de Carvalho, realçou que, apesar de estarem diminuindo na Capital do Vinho, ainda são números muito altos. “Dentre todos os índices de Bento, uma das maiores ocorrências é a da Maria da Penha, uma média de 66 mensais. Mas temos uma rede muito forte, uma estruturação”, analisou.

A campanha de ativismo é realizada a nível mundial e teve início em 1991, no Instituto de Liderança Global das Mulheres. As atividades englobam agenda aberta para palestras em escolas, empresas e entidades.

Fotos: Thamires Bispo