Em sessão que teve como convidada a secretária Tatiane Misturini Fiorio, da Saúde, parlamentares não pouparam críticas o governador gaúcho, Eduardo Leite, pelas restrições que atingem o setor produtivo

Na mais longa sessão ordinária dos últimos tempos no Legislativo de Bento Gonçalves, com quase três horas e meia de duração, o assunto predominante ficou em torno do coronavírus, da doença que ele causa e do processo de imunização por meio da aplicação de vacinas na população. A maioria dos vereadores também não economizou nas críticas ao governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), que endureceu as regras visando o distanciamento entre pessoas como forma de evitar o contágio e fazer cair os índices de incidência da Covid-19 no estado.

A secretária Municipal da Saúde, Tatiane Misturini Fiorio, esteve na sessão a convite do vereador Rafael Fantin, o Dentinho (PSD), e por cerca de uma hora e meia foi sabatinada pelos parlamentares, principalmente sobre como é o processo de definição de quem deve receber, prioritariamente, a vacina contra o coronavírus. Este foi o principal assunto da sessão de segunda-feira, 1º de março. Tatiane enfatizou que a priorização segue o regramento do Plano Nacional de Imunização (PNI) estabelecido pelo Ministério da Saúde e que deve ser observado por todos os estados e municípios.

Tatiane Fiorio, secretária da Saúde na Prefeitura de Bento, esteve na Câmara e foi questionada pelos parlamentares sobre as regras que definem a ordem de vacinação contra o coronavírus

Ela explicou que o decreto federal garante aos profissionais da área de saúde, especialmente aos que trabalham na chamada “linha de frente” de combate ao coronavírus e no tratamento dos pacientes positivados para a Covid-19, o direito de serem vacinados primeiro. Nesta “linha de frente” estavam inicialmente, 10 categorias profissionais, a começar pelos médicos e equipes de enfermagem. “A definição de quem faz parte deste grupo se deu por ordenamento do governo do estado”, disse a secretária da saúde.

Lembrando que Bento havia recebido até segunda-feira cinco remessas de vacinas contra o vírus causador da Covid-19, Tatiane assegurou que o processo de imunização, que agora já beneficia os idosos, “tem sido muito positivo. Não há casos de longas filas de espera e estamos observando rigorosamente o que determinam os decretos e resoluções a respeito”, afirmou. Conforme ela, em Bento já está sendo aplicada a segunda dose da vacina nas primeiras pessoas que recebaram a imunização inicial contra o coronavírus, e todos os procedimentos relativos à vacinação são registrados por meio da internet no Ministério da Saúde.

As respostas

  • “Não adianta ter hospital de campanha se não houver equipes para dar atendimento aos pacientes”
  • “Aprovar uma lei aqui na Câmara incluindo os professores no grupo prioritário para vacinação de nada adianta se o Ministério da Saúde não alterar as regras”
  • “Se Bento Gonçalves fosse separada da macrorregião de Caxias do Sul, ainda assim estaria na bandeira preta, pelo que dizem os indicadores no dia de hoje (segunda-feira, 1°)”.
  • Respostas da secretária Tatiane Fiorio a três perguntas do presidente da Câmara, vereador Rafael Pasqualotto (PP)
Presidente do Sindicato Empresarial de Gastronomia e Hotelaria (Segh), Márcia Ferronato, e do CIC, Rogério Capoani, estiveram na sessão de segunda-feira

Para saber

O governador, Eduardo Leite, foi duramente criticado na sessão de segunda-feira na Câmara de Vereadores de Bento Gonçalves pela adoção da bandeira preta (de risco de contágio altíssimo para o coronavírus) desde o sábado passado, 27 de fevereiro. O vereador José Antônio Gava (PDT) chegou a sugerir que cada integrante do legislativo local acionasse seus representantes na Assembleia Legislativa gaúcha para que fosse instaurado o processo de impeachment de Eduardo Leite.

“Nós, aqui (na esfera municipal) não temos esse poder. Mas os deputados estaduais para quem a gente fez campanha podem, sim, entrar com esse processo”, disse. A reclamação principal é a restrição de horários de funcionamento do comércio considerado não essencial. Anderson Zanella (PP), argumentou que “os comerciantes estão implorando às autoridades para poderem trabalhar. Caso contrário, vão ter que fechar (empresas) e muita gente vai ficar sem ter onde trabalhar”.

Fotos: Silvestre Silva Santos