Durante meu curso de graduação em economia, no final da década de 80, uma das palavras que eu e muita gente ouvia era FMI. Na realidade, é uma sigla que significa Fundo Monetário Internacional. Este fundo é uma espécie de banco que financia a dívida de países quando estes estão numa situação ruim quanto ao pagamento de seus compromissos com o exterior.
Vi muitas vezes este tal de FMI, através de seus agentes internacionais, virem até o Brasil para dizer o que tínhamos que fazer. “Aumente o juro aqui, exporte mais, desvalorize a moeda em 30%, controle o déficit público cortando investimentos aqui e acolá”, etc, eram frases que sempre ouvia e lia nos jornais. Este banco é liderado pelos Estados Unidos e pela Europa até hoje.

A dívida externa erra um temor. Frases como “o Brasil nunca irá pagar a dívida externa” se escutava nos quatro cantos deste país. Hoje, o Brasil liquidou com esta dívida, sepultou a dependência de bancos internacionais e nunca mais precisou, um pouco antes do Plano Real até hoje, do tal do FMI.
Bem, por que estou escrevendo isto? Pois devo ter escrito neste espaço há alguns anos que o Brasil necessitava LIDERAR o cenário latino-americano, pela sua importância por aqui, inclusive criando um banco de DESENVOLVIMENTO para a América Latina. Não foi criado, ainda.

Mas, vejo que o Brasil liderou o encontro de alguns dias atrás, em Fortaleza, a 6ª reunião de cúpula dos BRICS, encontro dos 5 países emergentes com maior poder no mundo que engloba o Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. E, com muita satisfação, vi nascer o Banco dos BRICS ( BRICS Development Bank ), para ajudar os países em desenvolvimento. É uma das poucas e melhores ações, no campo internacional, do atual governo federal que pouco fez até hoje para o crescimento das relações mundiais do Brasil. Um banco criado por países em desenvolvimento para ajudar outros países em desenvolvimento.
O mundo talvez seja um antes deste passo gigantesco e outro depois.
Os BRICS representam hoje 20% da produção mundial e 43% da população da Terra. Inegável esta participação no cenário econômico.

Obviamente, estar num grupo com Rússia, China e Índia não é nada fácil pois da Rússia se pode esperar tudo e da China, que é o segundo maior país do mundo em termos econômicos e o único que pode desafiar os EUA no médio prazo pela hegemonia econômica, também. Não creio que os EUA perderão seu papel de líder mundial mas vigiar os passos da China e da Rússia deverão ser habilidades brasileiras a desenvolver.

A dominação americana pode ter sofrido um arranhão. Esqueceram-se eles que o mundo mudou e a intransigência deles, via FMI e o Banco Mundial, poderá custar caro se os BRICS crescerem e se unirem cada vez mais.
O Brasil não deve parar por aí. Nosso país deveria ressuscitar a ALCA ( Associação de Livre Comércio das Américas, com 34 países das Américas, exceto Cuba ) e estabelecer acordos bilaterais com a Europa mais solidamente. Se a Presidente Dilma acenar por este caminho, será um gol e tanto para o povo Brasileiro. O difícil é saber até onde a Presidente atual quer trilhar este caminho de grandes avanços econômicos com nações realmente importantes.
Isto se o Banco dos BRICS não for somente um jogo político. Tomara que não. Quem viver verá.
Pense nisso e sucesso.