Bento Gonçalves tem hoje em torno de 200 taxistas. Todos eles, em sua maioria, indignados. O sentimento de revolta que permeia os hoje proprietários dos 91 pontos de táxi do município tem um motivo principal: a licitação da prefeitura. Em um cenário conturbado, a situação toma novas proporções, depois de um posicionamento enérgico e, porque não dizer, extremista por parte dos profissionais. A atitude radical condiz com o cenário: após meses de trabalho, a Procuradoria Geral do Município (PGM) publicou um edital de licitação que não corrobora com a necessidade dos taxistas. As garantias feitas em cansativas reuniões com os representantes da categoria não foram colocadas no edital de licitação do serviço de táxi.

Ao fazer tal publicação, o Poder Público Municipal viu apenas o lado técnico, com o objetivo de regularizar a situação dos táxis em Bento Gonçalves. Afinal, todos aqueles que exploram o serviço conquistaram a vaga por um processo ou outro, não por licitação. Até aí tudo bem, porém o Executivo Municipal acabou se esquecendo do problema social que poderá causar futuramente. Há motoristas que já rodam com seu carrinho, adquirido com muito esforço, há mais de 30 anos. Dali, tiram o sustento de sua família. Não sabem fazer outra coisa. Já chegando a idade – normalmente tem mais de 50 anos de idade – a esperança era conseguir a hereditariedade, isto é, deixar o ponto que é seu para seus familiares. Seria um modo de garantir uma herança para a família, quando de sua morte. Agora, todos os planos vão por águas abaixo. A não ser que o motorista tenha disponível até R$ 45 mil para desembolsar e garantir o seu ponto.

A prefeitura, quando acionada pelo Ministério Público, informou que as permissões existentes não são decorrentes do processo de licitação e sim das outorgas efetuadas pelo Poder Executivo, ao longo do tempo, através de atos administrativos. Já que é assim, entendemos que cabe ao Ministério Público exigir do Poder Público Municipal que novas permissões só sejam outorgadas mediante licitação, preservando aqueles que já têm direito adquirido com essas vagas. Levar tanta gente à rua da amargura do desemprego não é uma política de governo. O Ministério Público, se for provocado na esfera judicial, certamente, encontrará uma solução mais adequada e condizente com a realidade nossa de cada dia.

Infelizmente, o Poder Público Municipal parece querer se especializar em quedas de braço. De forma gradativa, está querendo ver quem pode mais em várias áreas de atuação. O certo que a revolta dos taxistas não será a única. Vários exemplos de indginação estão aparecendo e fazendo com que a população demonstre, de uma forma cada vez mais explícita, a sua discordância com algumas ações de quem está no poder. Até quando isso vai, ninguém sabe.