Uma série de dados divulgados anualmente pelo Ministério da Educação (MEC) ajudam a traçar um panorama sobre como anda a educação no Rio Grande do Sul. Números mostram que a situação, apesar de pontuais melhorias, ainda requer atenção – em especial na rede pública. Se no passado o Rio Grande do Sul foi referência em educação, com a construção de milhares de escolas na década de 60, também conhecidas como “brizoletes”, atualmente o estado enfrenta uma de suas mais profundas crises na área, com professores insatisfeitos com salários parcelados há mais de 50 meses, ensino em boa parte defasado e escolas bem aquém do cenário ideal para a educação.

E apesar de todo o cenário contraproducente entre sindicatos e representantes do Governo, em alguns dias o ano letivo deve recomeçar para milhares de alunos gaúchos, que deverão se deparar com uma alteração pouco divulgada pela administração pública, mas de grande impacto em todo âmbito acadêmico. Entre as dimensões adotadas pela política Escola Gaúcha, que entrou em vigor em 2020, estão pontos referentes à formação integral dos estudantes, organização curricular, práticas pedagógicas, gestão educacional, valorização dos profissionais da educação, infraestrutura escolar, avaliação, financiamento e regime de colaboração com os municípios.

Esmiuçando um pouco mais o tema, entre as alterações que precisam de destaque está a alteração no “professor referência” do primeiro ao quinto ano, o que deverá dar um pouco mais de tempo para os educadores se dedicarem a assuntos especiais, como dar atenção a um aluno com dificuldade em determinado assunto, além de suprir demandas com Produções Interativas – componente curricular novo que também passa a valer. Outra medida que merece destaque é a padronização de notas em toda rede estadual, uma vez que cada escola pode adotar seu sistema de avaliação, entretanto, terá que registrar segundo os moldes da Seduc. Isso afasta a miscelânea de letras, dízimas periódicas e outras formas particulares de representar a proficiência dos alunos em cada matéria.
Além disso, o Diário Eletrônico, outra novidade, permite o acompanhamento da frequência de alunos e professores e dos resultados em tempo real. Até julho, o sistema deverá estar implantado em 100% das escolas. Com isso, os pais poderão saber se seu filho foi à escola e como está o desempenho nas provas.

É fato que as alterações homologadas não curam todos os problemas da educação estadual. Entretanto, é um passo na direção correta, dando praticidade a pais e responsáveis, valorizando o tempo de professores, independente da área de atuação, além de promover uniformidade entre educandários e a Secretaria de Educação. Embora seja frustrante saber que nossos professores continuarão inconformados com o baixo salário e a pouca atenção do Governo do Estado, as escolas e seus funcionários ainda precisarão “dar aquele jeitinho” para que o ano saia conforme o planejado e os alunos ainda ficarão à mercê das constantes paralisações de classe, este pode ser um pequeno passo no caminho que levará à educação de primeiro mundo. Mas a pergunta que fica é, como será que as escolas vão se adequar a tudo isso em tão pouco tempo?