O Brasil possui um dos maiores programas públicos de transplante de órgãos, tecidos e células do mundo, que é garantido a toda a população por meio do Sistema Único de Sáude (SUS), responsável pelo financiamento de grande parte das cirurgias no país. Apesar do grande volume de procedimentos realizados, a quantidade de pessoas em lista de espera para receber um órgão ainda é grande. Podem ser doados: coração, pulmão, fígado, rins, pâncreas, intestinos, pele (camada superficial), ossos, válvulas cardíacas, córneas e tendões.

Em Bento Gonçalves, no último final de semana de setembro, a Comissão Intra Hospitalar para Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT), do Hospital Tacchini, realizou a terceira captação múltipla de 2022. Na instituição, o órgão mais concebido nos últimos cinco anos é a córnea, com 304 doações, além de 27 de múltiplos órgãos e três de músculo e esqueleto.

Todas as captações feitas pelo Tacchini são distribuídas através da Central de Transplantes, em Porto Alegre, órgão que controla e regula a fila de espera no Estado. As córneas são encaminhadas ao Banco de Olhos do Hospital Geral, em Caxias do Sul e o tecido músculo esquelético vai para o Banco de Ossos do Hospital São Vicente de Paulo, em Passo Fundo.

A enfermeira e coordenadora da CIHDOTT, Ana Turmina, destaca que não realizam transplante, somente captação. “Ela é realizada por uma equipe técnica especializada, através de procedimento cirúrgico. Após, é transportado para a cidade que será feito o transplante”, informa.

Para ser doador de órgãos no Brasil é preciso comunicar a família, pois somente parentes podem autorizar a doação. Ela ocorre após a constatação de morte encefálica, que é a interrupção irreversível das funções cerebrais, ou em vida. “Pode ser feita por pessoas de dois a 80 anos. Além de conversar com seus familiares e expressar o desejo de ser doador, pode-se deixar registrada a intenção no site da Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul, preenchendo um formulário e imprimindo o certificado”, orienta.

Sobre a reluta das famílias pela autorização, a enfermeira revela que o Hospital Tacchini tem pouca recusa de doação. “Quando ocorre, somos informados de que elas não sabem se o falecido desejava ser doador”, diz. De acordo com Ana, é muito importante dar continuidade a vida para quem necessita dessa ajuda. “Em nossa campanha, utilizamos a mensagem ‘Doe órgãos, a vida pode continuar’, pois quando doamos, termos a oportunidade de ser um herói para alguém”, ressalta.

Retirada de órgãos em Bento Gonçalves pelo Hospital Tacchini:

Ano20182019202020212022
Múltiplos órgãos413613
Músculo/ esqueleto11001
Córneas98146301218