Hematologista do Hospital Tacchini, Victor Hugo Lenz Pereira, explica sobre as doenças de sangue

A campanha Junho Laranja dirige-se à informação e prevenção sobre a anemia e a leucemia. A anemia, apesar de muito frequente, ainda continua sendo um tema que traz muitas dúvidas à população. Já no caso da leucemia, ainda que menos comum, também merece destaque por se tratar do principal câncer maligno da infância.

Conforme o hematologista do Hospital Tacchini, Victor Hugo Lenz Pereira, as doenças de sangue, também conhecidas como doenças hematológicas, são patologias que afetam os componentes do sangue. “São três: série vermelha (hemácias), série branca (leucócitos) e série plaquetaria. Exemplos dessas são as anemias, leucemias, mieloproliferações e trombocitopenias. Temos, também, os problemas de coagulação (coagulopatias e trombofilias). Além disso, existem as doenças do tecido linfático, tais como os linfomas de Hodgkin e linfoma não Hodgkin”, explica.

O médico informa que a anemia é caracterizada pela redução da hemoglobina. “Pode causar cansaço e fadiga. A causa mais comum é a deficiência de ferro, mas, existem muitas outras causas”, diz. Para preveni-la, ele cita algumas recomendações. “A principal maneira é ter uma boa alimentação, rica em ferro e vitamina b12. Esses elementos se encontram, principalmente, na carne, ovos e verduras. Existem outras causas de anemia, por isso é importante realizar um acompanhamento periódico com seu médico para diagnóstico precoce desta condição”, destaca.

Já a leucemia é um tipo de câncer que afeta as células progenitoras da medula óssea. “Essas células anormais, chamadas de blastos, se proliferam de forma anormal interferindo no funcionamento da medula óssea, causando alterações no hemograma que podem se caracterizar por anemia, leucocitose, leucopenia e plaquetopenia”, menciona Pereira.

Existem quatro tipos principais de leucemia: Leucemia Linfoide Aguda (LLA): mais comum em crianças; Leucemia Mieloide Aguda (LMA): pode ocorrer em pessoas de todas as idades, mas é mais comum no idoso; Leucemia Linfoide Crônica (LLC): caracterizada por linfocitose crônico e também é muito comum em idosos; e Leucemia Mieloide Crônica (LMC): geralmente, afeta adultos.

De acordo com Pereira, as causas exatas da leucemia não são completamente compreendidas, mas existem fatores de risco que podem aumentar a probabilidade de desenvolver a doença. “Alterações genéticas: mutações genéticas adquiridas ao longo da vida podem ocorrer nas células da medula óssea, levando ao desenvolvimento da leucemia; exposição à radiação; exposição a certos produtos químicos: o contato prolongada a produtos químicos, como benzeno, solventes orgânicos e certos agentes quimioterápicos, pode estar associada ao desenvolvimento da leucemia; e síndromes genéticas: certas síndromes genéticas, como a síndrome de Down, estão associadas a um maior risco de desenvolver leucemia”, frisa.

O tratamento da leucemia depende de qual tipo a pessoa está acometida. “Ainda se usa muito a tradicional quimioterapia e o transplante de medula óssea. Porém, hoje em dia, temos inúmeros tratamentos inovadores chamados de “terapia-alvo” que agem diretamente na célula causadora da doença e que podemos atingir controle, ou até mesmo a cura da leucemia, sem uso de tratamentos agressivos”, completa.

Dicas para combater a anemia

  • Adote uma dieta rica em ferro
    Estima-se que 90% de todos os casos de anemia resultem da falta de ferro. Ele é um dos principais constituintes da hemoglobina e, sem este, o organismo é incapaz de a produzir nas quantidades necessárias. Para prevenir esta insuficiência, assegure-se que a sua dieta inclui alimentos como carne vermelha, peixe, feijão, gema de ovo e frutos secos.
  • Corrija as insuficiências vitamínicas
    Nem só da falta de ferro se faz a anemia. A produção constante de glóbulos vermelhos também depende de nutrientes como vitamina B12 ou ácido fólico. Se desenvolver a condição por carência de uma destas vitaminas, é importante que as incorpore na sua alimentação diária. A vitamina B12 pode ser encontrada em alimentos como fígado, ostras, marisco ou ovos; o ácido fólico, por sua vez, existe em níveis elevados em brócolos, espargos, couve-de-bruxelas e outros vegetais de folhagem verde. Pode ainda recorrer a suplementos vitamínicos, injeções ou comprimidos.
  • Aumente o consumo de vitamina C
    Embora não contribua de forma direta para a produção de hemoglobinas, a vitamina C ajuda na absorção do ferro, tornando-o mais disponível sempre que se liga a este. Para evitar a anemia por carência de ferro, assegure-se que consome, também, alimentos ricos em vitamina C, como citrinos, brócolis ou morangos.
  • Evite a cafeína
    Se a vitamina C contribui para uma maior absorção do ferro, a cafeína pode ter precisamente o efeito contrário. Evite, por isso, beber café, mas também chá e refrigerantes com cafeína. Também as bebidas alcoólicas ou o cálcio (em demasia) podem ser prejudiciais à absorção de ferro por parte do organismo.
  • Faça um hemograma
    Se suspeita que pode ter anemia, deve consultar o seu médico assistente a fim de esclarecer as dúvidas. O diagnóstico é, na maior parte dos casos, alcançado através de uma simples análise ao sangue (hemograma), embora depois possa ser necessário exames adicionais para identificar a causa da condição. É fundamental que se conheça a causa de modo a trata-la da forma mais adequada.