Saúde pública de Bento Gonçalves é considerada pelo Índice de Desenvolvimento Socioeconômico (Idese), a melhor do Rio Grande do Sul, em cidades com mais de 100 mil habitantes. Em média, 15 mil pessoas por mês utilizam o serviço público da cidade

Considerado um dos maiores e mais complexos sistemas de saúde pública do mundo, o Sistema Único de Saúde (SUS) completou 30 anos de existência no Brasil, no final de setembro. Por meio dele, todo brasileiro, desde o nascimento, tem direito aos serviços ofertados: de uma simples verificação da pressão arterial até um procedimento de transplante de órgãos.

Em Bento Gonçalves, a saúde pública é considerada pelo Índice de Desenvolvimento Socioeconômico (Idese), a melhor de todo Rio Grande do Sul, em cidades com mais de 100 mil habitantes. Em média, 15 mil pacientes são atendidos mensalmente no município, pelo órgão.

Para estar liderando o topo desse ranking, o prefeito e secretário de saúde, Guilherme Pasin, aponta alguns destaques. “Temos uma atenção básica efetiva e uma atenção secundária eficiente para comportar a população. Conseguimos estruturar o setor de dispensação de medicamentos, descentralizando o serviço e oportunizando para todos”, afirma.

Nessas três décadas, Pasin assegura que o serviço evoluiu, considerando o incremento de serviços ofertados para os cidadãos. A cidade conta com um Pronto Atendimento 24 horas, localizado na Zona Norte, além de 23 Unidades Básicas de Saúde (UBS), espalhadas pelos bairros.

Mas, não é só isso. Desde o início da pandemia do coronavírus, a cidade expandiu a estrutura dos atendimentos das Unidade de Terapia Intensiva (UTI) junto do Hospital Tacchini. Antes, eram 13 leitos disponíveis. Agora, são 23. Todos exclusivos do SUS.

Além disso, Pasin também considera como destaque, a construção de 40 leitos de isolamento e oito minis UTIs, que se tornaram realidade graças ao trabalho conjunto entre empresário e comunidade local. “Espaço que continuará servindo a população”, garante.

Contudo, quando o assunto é saúde pública, os desafios são constantes e sempre há necessidade de progredir. Na Capital Nacional do Vinho, não é diferente. “Sabemos que ainda tem muitos gargalos de atendimento, que precisamos melhorar a cada ano”, admite o secretário.

Quais são as dificuldades?

De acordo com o coordenador da Secretaria Municipal da Saúde, Marco Antônio Ebert, os maiores desafios que o serviço público da cidade enfrenta, são relacionados as verbas. “O SUS caracteriza uma ação compartilhada das três esferas de governo, de modo que quando houver diminuição do comprometimento de uma das demais, seja por força maior ou desinteresse político, o município acaba por comprometer o orçamento”, explica.

Ebert, acrescenta que os recursos públicos não estão recebendo o devido realinhamento financeiro. “A tabela do SUS está defasada, não acompanha a planilha de custos de prestadores e exige participação cada vez maior do município (cofinanciamento)”, afirma. A verba não suficiente, pode acarretar na inexecução dos serviços que as os pacientes precisam.

Questionado se considera bem estruturadas as UBS da cidade, Ebert responde que sim, mas admite que há necessidade de aumentar a capacidade instalada. “Para atender a alta complexidade em cardiologia, neurologia e traumato ortopedia, para que então seja atendida a crescente demanda nessas especialidades”, diz.

Em números

O município investe na contratualização com o Hospital Tacchini mais de R$44 milhões anuais. Com isso, tem direito a 143 leitos distribuídos na UTI adulto, pediátrica e neonatal. Além dos leitos clínicos, psiquiátricos e demais especialidades.

Para atender a demanda dos cerca de 15 mil pacientes, atualmente, a cidade tem 848 profissionais de diversas áreas da saúde contratados para atuar no atendimento.

Para o futuro

Saúde referência nacional: é isso que Pasin afirma que os moradores de Bento podem esperar do SUS nos próximos anos. “É o que esperamos. Estamos trabalhando para que com a conclusão do Complexo Hospitalar de Saúde, possamos ampliar o atendimento ainda mais para a nossa população”, diz.

Já Ebert, responde que entre os projetos e ações para os próximos anos, está o aumento da capacidade instalada para diminuir gargalos em algumas especialidades: “como cardiologia, neurologia e traumatologia”, finaliza.