Visitadas diariamente por quatro milhões de gaúchos em todo o Estado e presentes em 100% dos municípios do RS, as lojas de supermercados continuam sendo um dos mais fiéis termômetros das oscilações da economia. Nesta quarta-feira, 18, o presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antônio Cesa Longo, revelou os detalhes do Ranking Agas 2017, estudo que contemplou as 226 maiores companhias do setor no RS para mapear o desempenho dos supermercados do Estado no ano passado e apontar alguns dos novos hábitos de consumo e mudanças no comportamento dos gaúchos em frente às gôndolas.

Presidente da Agas, Antonio Cesa Longo.

A pesquisa mostra que o setor alcançou um faturamento de R$ 30,2 bilhões em 2017 no Rio Grande do Sul, um crescimento nominal de 5,4% que, deflacionado pelo IPCA/IBGE, representa um crescimento real de 2,4% em relação a 2016. “O mundo é dos especialistas, e o varejo supermercadista já entendeu que precisa se especializar em cada área, em cada segmento, em cada detalhe. Este entendimento permitiu que o setor crescesse acima da inflação em 2017, apostando em uma gestão eficiente das empresas com foco na prevenção de perdas e na produtividade”, explica o presidente da Agas.

O Ranking Agas de Supermercados é elaborado desde 1991 pela entidade e, desde 2010, culmina em uma festa de premiação às companhias supermercadistas que mais cresceram, ou que mais se destacaram por boas práticas de gestão, em todo o Estado. Neste ano, a cerimônia de entrega dos prêmios aos agraciados do Ranking Agas 2017 congregará mais de 750 convidados na noite do dia 24 de abril, a partir das 20 horas, no Grêmio Náutico União (Rua João Obino, 300), em Porto Alegre.

 

O tamanho do setor supermercadista

O Ranking Agas 2017 contou com a participação de 226 empresas de supermercados estabelecidas no Rio Grande do Sul, com faturamentos anuais entre R$ 215 mil e R$ 5,6 bilhões. Juntas, estas 226 companhias faturaram R$ 24,1 bilhões em 2017 – 79,8% do total do setor no Estado. A partir do levantamento, a Agas concluiu que o setor supermercadista gaúcho finalizou o ano de 2017 com um faturamento de mais de R$ 30,2 bilhões, com uma participação estimada em 7,2% no Produto Interno Bruto do estado.

O Ranking Agas 2017 mostra ainda um crescimento no número de lojas supermercadistas estabelecidas no Estado, além do aumento da mão de obra contratada. “Saudamos que haja espaço para todos os formatos de empresas e atendimento pleno a todos os perfis de consumidores. Em 2017, vimos muitos supermercados fechando suas portas e sendo imediatamente substituídos por outras empresas do setor com um perfil mais adequado para aqueles consumidores. Isto mostra uma seleção natural que o cliente determina de acordo com suas necessidades”, pontua o Longo.

Foto: Reprodução

Cartão de crédito perde espaço – Preocupados em fugir do endividamento, os consumidores gaúchos evitaram adiar os pagamentos e sobretudo parcelar suas compras em 2017. O Ranking Agas 2017 mostra uma mudança substancial nos hábitos de compras dos clientes dos supermercados, já que o cartão de crédito perdeu quase 3% das vendas. “100% dos supermercados gaúchos aceitam cartões ou outros meios eletrônicos de pagamento, que dão maior segurança para o consumidor e para as empresas. Hoje, o dinheiro representa apenas um terço das vendas”, percebe Longo.

Tíquete médio – Com relação ao desembolso médio efetuado por compra, o tíquete dos gaúchos variou de R$ 47,80 em 2016 para R$ 47,95 em 2017, em média. “Também percebemos um acréscimo no número de visitas às lojas, já que o consumidor está muito preocupado em economizar e em encontrar promoções. O gaúcho é o consumidor mais exigente do Brasil e está mais atento do que nunca aos preços”, destaca Longo.

Marca própria – Os produtos de marca própria ainda têm seu nicho de consumo no setor – 16,8% das empresas afirmaram trabalhar com estes itens (em 2016, o montante era de 14,7%). De acordo com os dados do levantamento, os consumidores gaúchos podem encontrar 3,2 mil itens de marca própria nos supermercados no RS. As empresas que trabalham com itens de marca própria informaram que, em média, estes produtos representaram 1% do seu faturamento em 2017.

Essencialidade e abertura aos domingos – Somente 17,6% das empresas supermercadistas não operam suas lojas em domingos, número similar ao de 2016 (16,3%). Segundo o presidente da Agas, a abertura é uma deliberação de cada empresa, que precisa fazer suas contas e avaliar se vale a pena abrir aos domingos ou não. “Sempre lamentamos legislações municipais que determinavam o fechamento dos supermercados aos domingos, mas o setor obteve uma conquista importante nacionalmente, através da Associação Brasileira de Supermercados, com o reconhecimento da essencialidade da atividade supermercadista. Oficialmente um serviço essencial, o supermercado agora pode abrir aos domingos em todo o Brasil”, destaca o dirigente.

Menos importados – Conforme os dados da pesquisa, a participação média dos produtos importados nos supermercados gaúchos caiu de 2,35% em 2016 para 2,01% das vendas do setor. Segundo os dados do Ranking, mais da metade dos supermercados dispõem de itens oriundos de outros países, como azeitonas, azeites, salmão, bacalhau, brinquedos, vinhos e frutas secas. “O Brasil é o maior celeiro de alimentos do mundo e nossa indústria, sobretudo a gaúcha, está cada vez mais eficiente e plena no abastecimento das lojas”, destaca.

Produtos cresceram em representatividade, e já abrangem 1,41% do total de itens comercializados pelo setor.

Orgânicos crescem – O Ranking Agas 2017 consultou os supermercadistas para saber a participação dos produtos orgânicos nas gôndolas gaúchas: estes produtos cresceram em representatividade, e já abrangem 1,41% do total de itens comercializados pelo setor. Em 2016, os orgânicos respondiam por 1,31%. “O consumidor está cada vez mais preocupado com sua saúde. Nas verduras, a participação de orgânicos chega a 8%”, destaca Longo.

Outros números:

  • 14077 itens é o número médio do mix de produtos de um supermercado no RS
  • 8,6% é o custo médio da folha de pagamento dos colaboradores sobre o faturamento das empresas supermercadistas
  • 39% dos supermercados gaúchos oferecem recargas de celular aos seus clientes
  • 22% dos supermercados dispõem de serviços bancários e pagamentos de contas
  • 15% operam com restaurantes ou lanchonetes nas lojas
  • 9% faturam com o aluguel de sublojas na entrada dos mercados
  • 37% têm frota própria de caminhões
  • 20% possuem centro de distribuição próprio.

O perfil dos trabalhadores do setor

Pelo terceiro ano consecutivo, o Ranking Agas 2017 aprofundou-se no que se refere ao estudo dos 97 mil profissionais que atuam no setor supermercadista gaúcho. Além do gênero dos colaboradores, a pesquisa informa a escolaridade e a faixa etária média dos profissionais que atuam nos supermercados gaúchos.

Mulheres em alta – Pelo quinto ano consecutivo, a mão de obra feminina superou a masculina no setor supermercadista gaúcho: os homens são 46,8% (ante 49% em 2016), e as mulheres são 53,2% (50,9% em 2016).

Ensino médio é a escolaridade mais contratada – O Ranking Agas 2017 mostra que 57,2% dos colaboradores do setor têm ensino médio; 35,1%, o ensino fundamental; enquanto o número de trabalhadores com ensino superior atingiu 7,7%. “É um setor que valoriza muito a capacitação técnica e, por isso, a Agas treina mais de 6 mil pessoas por ano em áreas operacionais, técnicas e de gestão”, explica Longo.

A idade dos colaboradores – Com relação às faixas etárias predominantes no setor, em média 7,7% dos colaboradores empregados nos supermercados gaúchos têm até 18 anos; 69,4% têm de 18 a 40 anos; 21% têm entre 40 e 60 anos; e 1,9% dos profissionais têm mais de 60 anos.

 Centrais de negócios – Um modelo associativista criado no Rio Grande do Sul na década de 1980 e que ganhou força em todo o País segue pujante também no Estado: com as centrais de negócios, pequenas e médias empresas unem-se sob o guarda-chuva de redes de compras para barganhar melhores preços, taxas e condições junto aos fornecedores. “Atualmente, as centrais de negócios vão além disso, e as empresas associadas a estas redes compartilham centros de distribuição, frotas de caminhões e profissionais como nutricionistas, médicos veterinários e outros. É uma forma de enxugar custos e pleitear preços”, explica Longo.