Entre 2015 e 2020, o aumento do segmento foi de 33%. Nutricionista Letícia Del Ré explica sobre a importância de ter melhores hábitos alimentares

O ramo de alimentos saudáveis vem ganhando força nos últimos anos, produtos sem açúcar, sem glúten, sem lactose, orgânicos e com ingredientes naturais são destaques em lojas e restaurantes de todo o Brasil.

Segundo pesquisas realizadas, entre 2015 e 2020, o aumento do setor foi de 33%. Porém, com a chegada da pandemia de covid-19 e a preocupação com a saúde e bem-estar, 47% dos brasileiros começaram a tomar consciência sobre a necessidade de adotar novos hábitos alimentares. A partir disso, a receita de mercado do ramo de saudáveis foi de R$ 100,2 bilhões em 2020. Até 2025, a expectativa é que o segmento cresça mais 27%.

A nutricionista Letícia Del Ré explica que a alimentação saudável tem um impacto significativo não apenas na estética, mas também na saúde e bem-estar como um todo. “Os alimentos são o combustível essencial para o nosso corpo, fornecendo os nutrientes necessários para um adequado desempenho metabólico. Além disso, tem um papel fundamental não apenas no tratamento, mas na prevenção de doenças. Fortalece o sistema imunológico, contribui para a saúde mental e proporciona um aumento significativo de energia e disposição”, ressalta.

Conforme a profissional, são as escolhas diárias que farão diferença nas dores, sono, imunidade e na longevidade da população. “Exceções não são um problema. Mas quanto mais algo se torna regra no seu dia a dia, mais peso aquilo terá na colheita do que você está plantando”, frisa.

Do ponto de vista nutricional, Letícia orienta o que as pessoas devem ou não fazer diariamente. “Priorizar uma rotina que vá ao encontro do seu objetivo. A partir disso você vai avaliar o que precisa ser feito e com que frequência. Em relação a alimentação diria que o maior ’problema’ está nos excessos (quantidade e frequência). É preciso equilibrar o que você gosta com o que você precisa fazer”, destaca.

Segundo a nutricionista, os alimentos que não podem faltar na rotina das pessoas são ricos em nutrientes. “Comida de verdade, o mais natural possível: vegetais, ovos, sementes, frutas (sugiro sempre variar entre baixo/médio/alto açúcar), proteínas leves como peixe e frango ou leguminosas como feijões, cereais, raízes, gorduras boas como azeite, coco, castanhas”, lista.

Além disso, Letícia aponta alguns hábitos que melhoram a qualidade de vida. “Tenha em mente seus principais objetivos e trate isso como prioridade. Faça um roteiro semanal da rotina ideal possível, anote o que precisa mudar, o que precisa incluir. E leve isso como um plano de ação para seu bem-estar”, conclui.

Opções saudáveis

Em Bento Gonçalves, empresários apostam em itens que priorizam uma alimentação com mais proteínas e fibras. O comerciante Edegar Brandelli é uma das pessoas que decidiu empreender no segmento de alimentos saudáveis. “É algo com um grande potencial de crescimento. Os desafios são normais de qualquer ramo de comércio, que são atender as necessidades dos clientes, e na medida do possível antecipar as tendências do mercado”, afirma.

Para manter-se sempre com novidades, o conhecimento é indispensável. “A qualificação é fundamental para orientar as pessoas no momento da compra, apresentando as características de cada produto, desta forma, auxiliando na escolha do item mais adequado para cada situação”, diz Brandelli.

De acordo com o comerciante, cada vez mais a pessoas tomam ciência da importância da alimentação. “Sabem das consequências positivas para quem se alimenta de uma forma mais saudável. Além disso, cada cliente tem uma demanda específica, dependendo se tem alguma restrição alimentar, ou de qual seja seu principal objetivo no momento”, menciona.

Ter empreendimentos no município focados em alimentos saudáveis é fundamental, garantindo uma saúde melhor para a população e mais opções de itens para consumir. “Oferece mais comodidade aos clientes, que encontram todos os produtos num mesmo local, e uma variedade maior de produtos”, completa Brandelli.

A chefe e proprietária de um estabelecimento que faz comidas saudáveis congeladas, Paola Chaves Caillava, viu a necessidade pessoal como impulso para investir no ramo. “Eu estava com obesidade de grau 3, quando resolvi ter uma vida saudável, fiz acompanhamento com a nutricionista e tive dificuldade em encontrar alimentos que pudesse consumir, percebi então uma oportunidade de negócio”, conta.

Com os obstáculos desse setor, o empreendedor precisa de novas qualificações e estratégias ao longo do tempo. “Os desafios de empreender são vários, mas posso citar aqui dois exemplos, tornar a empresa reconhecida no mercado, pois destacar-se exige muito esforço, principalmente para novas empresas; e inovar constantemente, devido às necessidades das pessoas, que sofrem mudanças frequentes, o que requer que o local se mantenha em constante desenvolvimento”, revela a chefe.

Com tanta novidade sendo lançada, Paola fala sobre as tendências que observa para os próximos anos. “Acredito que os alimentos sem glúten. A demanda de consumo deles vem aumentando a cada ano, e o mercado atende a pelo menos dois tipos de público: pessoas que sofrem da doença celíaca, e os que seguem dietas que restringem o consumo da substância”, salienta.

De acordo com ela, atualmente os clientes seguem um tipo específico de procura. “No momento, a grande demanda é por muita proteína e pouco carboidrato, lembrando que cada organismo tem suas necessidades. Penso que seja de suma importância ter locais que garantam isso, pois quando você muda sua alimentação é perceptível a melhora na sua qualidade de vida”, finaliza.