Parte da comunidade que reside na Linha Zemith, interior de Bento Gonçalves, é abastecida pela rede da Corsan. Entretanto, outra parcela dos moradores – cerca de 15 famílias – ainda convive sem água potável. Por isso, quando o governo do Rio Grande do Sul anunciou o programa Avançar nas Obras e Habitação, a prefeitura cadastrou a localidade, que vai ser beneficiada com o aporte de R$70 mil para a perfuração de um poço tubular.

O Secretário de Desenvolvimento da Agricultura, Volnei Christófoli, destaca que o município recebeu a notícia do recurso com alegria. “Sentimento de gratidão por estar sendo contemplado e pelo Estado ter essa atenção com os municípios”, afirma.

A escolha do local onde vai ser feita a ação foi demarcada por um geólogo da pasta. A obra deve iniciar assim que o governo estadual liberar a verba. “Geralmente a perfuração do poço é muito rápida, no máximo 15 dias. Depois tem a construção da rede de água que pode durar até uns 90 dias”, prevê.

Questionado se existe projeto para perfurar poços em outros locais, o secretário antecipa que a comunidade do Vale Aurora no sentido município de Monte Belo e a Linha São Martinho, no distrito de Faria Lemos, devem ser contempladas, futuramente.

Moradores relatam dificuldades

A autônoma Deise Batista, que reside no local há seis anos, relata que a família está sendo abastecida, temporariamente, por um poço construído pelos próprios vizinhos. Porém, como ele é provisório e pequeno, muitas vezes falta água, principalmente após longos períodos sem chuva. “A situação é bem complicada aqui para nós, ainda mais por conta da estiagem”, afirma.

Como a água não é potável, Deise relata que ela é utilizada, principalmente, para tarefas diárias, mas não para consumo. “Utilizamos para lavar louça, roupa e para tomar banho. Para beber a gente tem que comprar ou então dar uma fervida nela”, conta.

Na casa de Deise, todos tem que fazer economia de água, diariamente

Só na casa dela, são cinco integrantes. Todos os dias a regra principal é o controle e a consciência, já que não há garantia de água no dia seguinte. “O banho é rápido. Também não conseguimos lavar roupa todos os dias, tem que ser uma ou duas vezes por semana, mais ou menos. A piscina das crianças, esse ano, conseguimos colocar encher um pouquinho só, mas depois tivemos que cancelar, não dá”, relata.

Para amenizar essa situação, os vizinhos estavam dispostos a arcar com os custos de um poço. Entretanto, quando receberam a informação de que o serviço vai ser feito pela prefeitura, celebraram. “O pessoal já estava se unindo e avaliando o custo para pagarmos por conta própria a instalação, mas quando começamos a pensar nessa ideia, recebemos a notícia. Ficamos muito felizes, porque não vamos precisar mexer no nosso orçamento e vamos ter água contínua”, comemora.

O agricultor Edegar Mozzolla, 48 anos, também morador da Linha Zemith, tem água graças a uma vertente natural. Ainda assim, também está sentindo dificuldades no dia-a-dia. “Está bem escasso. Agora deu um alento, porque no último sábado deu uma chuvinha no final do dia, senão era perigoso até passar próximo com fósforo porque podia incendiar. O nosso açude está a mais de um metro abaixo do nível normal”, pontua.

Na casa dele a rotina de controle de água também passou a ser uma realidade. “Desde novembro estamos controlando as torneiras para ter água suficiente para o gado, como temos um número considerável de cabeças e a pastagem está seca, eles têm necessidade maior de beber”, afirma.

Programa Avançar nas Obras e Habitação

O governo estadual lançou, no final de janeiro, o Programa Avançar nas Obras e Habitação. Com aporte de R$21 milhões do Fundo Estadual de Recursos Hídricos, 300 municípios gaúchos devem receber a perfuração de poços até o final do ano, com o repasse de R$70 mil para cada prefeitura. A prioridade são as cidades que decretaram situação de emergência, em decorrência da estiagem.