Recentemente o Departamento de Comércio dos Estados Unidos (EUA) anunciou que retirou o Brasil da lista de países em desenvolvimento. Com isso, pode ocorrer uma restrição de benefícios comerciais concedidos às nações que estão listadas nessa categoria.

Com a alteração, uma das possíveis consequências é a perda de competitividade de produtos que fazem parte do Sistema Geral de Preferências (SGP) no mercado americano, já que os itens elencados nessa lista e exportados por países considerados em desenvolvimento ganham vantagens tarifárias no governo dos EUA.

De acordo com o professor e pesquisador do Instituto de Pesquisas Econômicas e sociais da Universidade de Caxias do Sul (UCS), Mosar Leandro Ness, o SGP é um mecanismo instituído pelos governos, no caso do norte-americano, o objetivo é fomentar o comércio entre os países em desenvolvimento e os Estados Unidos. “Sua função é de criar canais preferenciais para que esses países possam exportar algum produto. Em termos de vantagens comparativas, podemos assegurar que os norte-americanos seriam mais produtivos em todos esses setores. Todavia, o objetivo aqui é equalizar a diferença e fazer os países em desenvolvimento possam competir com a produção doméstica”, explica.

Embora os setores que vão perder o desconto tarifário no embarque do Brasil para os EUA sejam de forte produção na região da Serra Gaúcha, como metais, ferro, aço e madeira, de acordo com Ness, o impacto nas indústrias de Bento Gonçalves deve ser pequeno. “No caso específico da indústria moveleira de Bento Gonçalves, a diferença tarifária poderá ser coberta com o aumento de produtividade. Esse deverá cobrir a elevação da tarifa de importação”, esclarece Ness.

Sindmóveis

O presidente do Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Bento Gonçalves (Sindmóveis), Vinicius Benini, afirma que como a tarifa cobrada tem baixo custo, a medida não gera preocupação para o setor. “As exportações vem crescendo e os Estados Unidos está entre os cinco países para os quais a gente mais exporta. De momento, não há nenhuma preocupação justamente pelas barreiras serem muito baixas”, aponta Benini.

Presidente do Sindmóveis, Vinicius Benini

Benini acredita que não haverá redução nas exportações e projeta que o ano vai ser positivo para as indústrias. “A exportação vem crescendo, as empresas vêm se especializando muito nessa parte, até porque a gente vem de uma crise do mercado interno, onde muitas empresas tiveram que se reinventar, buscar novos mercados e outras oportunidades”, destaca.

Movergs

O Presidente da Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul (Movergs), Rogério Francio, indica que, embora de momento a alteração não gere preocupação, é preciso ter cautela. “Há que se considerar também que cada indústria fará uma avaliação, independente dos seus negócios e as negociações que forem convenientes entre as partes”, afirma.

Presidente da Movergs, Rogério Francio

De acordo com Francio, o setor não prevê redução de competividade, uma vez que “o móvel brasileiro tem sido muito bem quisto e posicionado no mercado externo e, sem dúvida, a tendência é cada vez mais ampliarmos o mercado internacional”, frisa.

Simmme

O Presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico (Simmme) de Bento Gonçalves, Juarez Piva, afirma que a alteração não deve refletir no comércio internacional. “Nas negociações de exportação, o que prevalece é a competitividade de cada país. O que interfere é que precisamos de um Brasil menos burocrático e mais competitivo para gerar melhores condições para a exportação”, pontua.

Presidente do Simmme, Juarez Piva

Piva frisa que o setor está sempre pensando em estratégias para competir com igualdade. “O setor privado é penalizado na carga tributária para exportação e na infraestrutura que torna o nosso preço inviável para competir”, finaliza.