Nunca se ouviu falar tanto na palavra “reinventar”. No comércio, na indústria, na prestação de serviços, em casa. São as tele-entregas de todas as espécies, as telebuscas, as take away. Restaurantes que até então trabalhavam apenas no ambiente físico, agora chegam com suas delícias à porta de nossas casas. As lojas onde costumamos comprar nossas roupas nos ligam para pedir se estamos precisando de alguma coisa. Deixam a sacola pronta, passamos para pegar, provamos em casa, devolvemos o que não iremos comprar. Há maneiras e maneiras de vender. Basta querer.

E a criatividade anda tão em alta que, mesmo virtualmente, são realizadas danças coletivas, rodas de chimarrão, almoços e jantares em família, comemorações das mais diversas espécies. Até casamentos já foram registrados, com o noivo num lugar e a noiva em outro, aqui no Rio Grande do Sul mesmo!

Em Bento Gonçalves, muitas coisas estão ressurgindo. Nas garagens, nos porões, nas áreas de serviço, nas sacadas. Qualquer espaço é espaço para criar, para começar e recomeçar.

Fomos surpreendidos nesta semana por uma sugestão de pauta, falando sobre o senhor Elpídio Antônio Franklin Barboza que, aos 82 anos, aproveitando o distanciamento social e o isolamento devido à idade, resolveu remontar bicicletas de 1900 e lá me esqueço. Nossa! Em meio a tantas notícias ruins, em meio a uma pandemia, coisas incríveis ressurgem.

Precisamos destas notícias. Precisamos mostrar que é possível, sim, não somente reinventar maneiras de fazer o que se fazia até então pessoalmente, mas de tirar do baú histórias, objetos, e dar vida ao que estava esquecido.

É possível se cuidar e cuidar dos demais, preservar vidas. Para quem pode, é possível ficar em casa, sair somente se for necessário.

O distanciamento social é dolorido, o isolamento é cansativo, mas a vida vale muito mais do que qualquer saída, do que qualquer churrasco, do que qualquer descuido.