Conforme delegado Renato Nobre Bias, prejuízos chegam a R$ 10 mil; dez pessoas estavam envolvidas na prática, inclusive, três detentos presos em Caxias do Sul

Uma quadrilha que usava mensagens de áudio e vídeo para extorquir dinheiro de pessoas de Bento Gonçalves foi desarticulada pela Polícia Civil. Em vídeos, homens exibiam armas de grosso calibre e revólver, além de ameaças de morte. A ação exitosa das forças de segurança pública foi comandada pela 1ª Delegacia de Polícia, sob a orientação do delegado Renato Nobre Bias. Nesta sexta-feira, 1º de setembro, uma coletiva de imprensa na sede do órgão foi realizada para apresentar os números e indicar como os criminosos agiam na cidade. De acordo com Bias, os prejuízos chegam a R$ 10 mil.

As investigação teve início ainda no início do ano, quando os crimes iniciaram. Após os primeiros relatos e ocorrências registradas, a Polícia Civil começou a analisar informações para tentar entender o modus operandi dos estelionatários. Conforme o delegado, os crimes teriam ocorrido até meados de abril. Segundo as investigações, o primeiro fato foi no dia 8 de março, quando ocorreram disparos de arma de fogo em frente a uma revenda de automóveis. As imagens foram enviadas aos proprietários dos estabelecimentos comerciais com ameaças. Posteriormente, os vídeos acabaram viralizando em grupos de WhatsApp. Após esta ação, outras muito semelhantes começaram a ocorrer.

Conforme o delegado Bias, para chegar aos integrantes do grupo foram interceptadas 13 linhas telefônicas, diversos relatórios, oitivas e representações judiciais para quebra de sigilo telefônico e bancário dos suspeitos, bem como o registro de 60 ocorrências de estelionato na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA). O inquérito, contendo mais de 750 páginas, deve ser encaminhado para a Justiça.

No total, 10 pessoas estavam envolvidas no esquema. Desses, dois acabaram sendo mortos e as causas dos crimes estão sendo investigadas em outros inquéritos policiais. “Acredita-se que os dois homicídios tenham sido uma represália, em decorrência da utilização de nomes de facções nesta prática criminosa”, explica. Outros três agiam de dentro do presídio em Caxias do Sul. Além disso, as companheiras destes criminosos também estavam junto no esquema, segundo apontam as investigações.

Ainda, segundo o delegado, os alvos das extorsões sempre eram pessoas de alto poder aquisitivo. “Há informações e áudios em que os criminosos indicavam locais da cidade para irem filmar casas e carros de luxo na cidade. Posteriormente, com o apoio de outras pessoas, eles conseguiam buscar mais informações dos proprietários para consolidar o golpe”, explica. Os três presos em Caxias do Sul eram responsáveis por fazer contato com as vítimas e praticar as ameaças. Após o golpe, as companheiras dos presos recebiam e distribuíam os valores. Já os outro quatro integrantes eram responsáveis em buscar informações de supostas vítimas.

Após todas as diligências realizadas, a Polícia conseguiu indiciar oito pessoas. Dessas, três já estão presos no Presídio do Apanhador, em Caxias do Sul, além de suas companheiras, e outras duas pessoas que seguem em liberdade.