Ação distribuiu na quinta-feira, 28 de novembro, mais de quatro mil sementes nas áreas devastadas pelas enchentes que assolaram o município em maio deste ano

Como parte da programação da Semana do Meio Ambiente de 2024, o Colégio Sagrado Coração de Jesus, se destacou com uma iniciativa que vai muito além da sala de aula. O Projeto Bombas Verdes, realizado na quinta-feira, 28 de novembro, com apoio da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMAM), da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do grupo Pé na Lama, transformou a tragédia das enchentes em esperança para o futuro ambiental da região, distribuindo cerca de 4.500 sementes nas áreas afetadas pelas enchentes.

Ao “explodirem” em contato com o solo, elas dispersam as sementes por vários lugares, promovendo o renascimento da natureza e um futuro mais verde e resiliente para todos. Caso elas não “explodam”, também não há problemas: a umidade das chuvas dará conta de despertar as sementes que romperão seu envoltório, trazendo em si a força regenerativa da natureza.

Renascimento verde

Inspirado pela técnica tailandesa de dispersão de sementes, as Bombas Verdes são cápsulas feitas de barro, composto orgânico e sementes de árvores nativas. Lançadas manualmente ou por via aérea, essas cápsulas ajudam a recuperar áreas desmatadas e atingidas por desastres naturais.
Em Bento Gonçalves, elas ganharam uma missão especial: contribuir para a recuperação das matas ciliares e das regiões afetadas pelos deslizamentos causados pelas intensas chuvas que assolaram a região.

O projeto surgiu após às intensas chuvas de maio de 2024, que provocaram o maior desastre climático da história do Rio Grande do Sul, em que as atividades da Semana do Meio Ambiente precisaram ser canceladas.

No entanto, o espírito de reconstrução ganhou novo fôlego após essa tragédia humanitária e ambiental. Inspirado pela urgência de agir, o Colégio Sagrado Coração de Jesus por meio do Projeto Ações para Melhorar o mundo incentivou seus alunos a fazerem a diferença.

Sob a coordenação da professora Camila Pertille, o projeto mobilizou 24 turmas do Ensino Fundamental e toda a comunidade escolar. Ao todo, foram produzidas 4.500 bombas, cada uma contendo entre cinco e seis sementes. Segundo a professora, a proposta nasceu do desejo das crianças de contribuir com o meio ambiente. “Um grupinho trouxe essa questão de reflorestamento, de preocupação com o ecossistema. O projeto, foi se engrandecendo dentro da escola, e atingindo toda a comunidade escolar. Uma mãe foi até a Secretaria do Meio Ambiente para saber quais seriam as plantas nativas da nossa região. E neste momento, surgiu um interesse de disseminar, de dar uma grandiosidade a esse projeto, e por que não reflorescer essas áreas atingidas pela enchente. As crianças pensaram na importância da vegetação para todo o ecossistema. A falta de plantas nativas afeta aves e outros animais, gerando um impacto geral. Isso ampliou o propósito do projeto e engajou as famílias, que também participaram ativamente da produção das bombas”, conta Camila.

A diretora do colégio, Irmã Solange, destaca a emoção de ver a ideia ganhar proporções tão grandiosas. “Quando vi o projeto pela primeira vez, fiquei encantada. É uma alegria imensa contribuir para essa ação e ver o engajamento de crianças e famílias. O apoio da Secretaria do Meio Ambiente e da PRF foi essencial para transformar essa ideia em realidade”, destaca.
A ideia surgiu em sala de aula, e após um contato com a SMMAM a ideia foi ganhando força e se expandindo.

Além disso, no dia 7 de dezembro, o grupo Pé na Lama usará carros 4×4 para distribuir as Bombas Verdes em áreas de difícil acesso. A própria diretora, acompanhou a dispersão aérea das cápsulas a bordo de um helicóptero da PRF.

União de esforços

O prefeito, Diogo Segabinazzi Siqueira, destacou a força da comunidade na realização do projeto. “Essa iniciativa, mostra o jeito diferente de Bento Gonçalves, Aqui, ninguém espera pelos outros. A ideia surgiu na escola, foi abraçada pelo poder público e contou com a PRF para viabilizar a ação. É inspirador ver o engajamento de todos em prol do meio ambiente, tiveram a ideia, buscaram ajuda, buscaram a Secretaria do Meio Ambiente para localizar as áreas, para organizar sementes, enriquecer o projeto. A gente foi atrás da PRF, a eles botaram um helicóptero, os caras são fantásticos, mas começou tudo com uma ideia e uma ação do colégio”, destaca.

Vozes jovens

As idealizadoras do projeto, Lourenza Ansesque, 11 anos, e Martina Costa Curta, 10 anos, compartilharam o orgulho de ver a ideia sair do papel. Lourenza comenta que, no começo, parecia só um projeto no papel, Agora, que estamos aqui, ao vivo, realizando isso, é uma alegria imensa”, comenta.
Martina destaca o significado do trabalho. “Saber que nossas Bombas Verdes vão ajudar o nosso estado é muito gratificante. Sentimos que estamos fazendo a diferença”, conclui.