Cães ajudarão a encontrar entorpecentes nos presídios da região, bem como auxiliar os guardas em casos de motim e revoltas

Desde o fim de setembro, os agentes penitenciários da Serra Gaúcha passaram a contar com um reforço diferenciado nos trabalhos dentro das casas prisionais. A chegada do primeiro canil da 7ª Delegacia Penitenciária Regional (DPR) adiciona o uso de forças caninas para a execução de diversas atividades e operações da região, como na Penitenciária Estadual de Bento Gonçalves. Até o momento, o espaço alojou nove cachorros, em uma construção em Canela.

A Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) foi a responsável pela execução da obra. A estrutura do canil é completa e foi construída em 150 metros quadrados, em um terreno que é o dobro do tamanho, 300 m². O local conta com piso aquecido, esteira para os cães fazerem exercícios, aquecimento de água para banho e oito baias, com proteção de vidro, além do restante do pátio.

Serviços caninos

Todos os cães do local vêm sendo treinados por adestradores e técnicos da Susepe para farejar entorpecentes e participar de intervenções prisionais. Eles irão atuar em operações de busca e apreensão dentro das penitenciárias e ajudarão em barreiras policiais, como no caso de motins e revoltas de apenados. O uso dessa nova força de segurança será estratégico e tático para toda a Serra. Em futuras investidas nas celas dos condenados, o faro canino contribuirá para encontrar irregularidades. Para completar o acompanhamento deles, um médico veterinário contratado pela 7ª DPR os visita semanalmente.

Os nove cachorros foram doados à Susepe por meio de parcerias que foram estabelecidas ao longo de todo o processo de projetar e dar vida ao canil. Para cumprir com o trabalho prisional necessário, o delegado penitenciário da 7ª DPR, Fernando Demutti, comenta que algumas raças específicas foram escolhidas, como border collie, pastor suíço, pastor alemão, pastor belga e cane corso. “Nós procuramos identificar as raças com que gostaríamos de trabalhar e entendemos que eles são policiais assim como nós”, explica.

Esforços para a construção

A projeção do canil, segundo explica em texto oficial o secretário de Justiça e Sistemas Penal e Socioeducativo, Mauro Hauschild, foi realizada seguindo o modelo de outras unidades visitadas pela equipe. O Presídio Regional de Santa Maria, assim como outras casas prisionais do Estado, também já possui um espaço para os cães. Apesar de não ser novidade no estado, a finalidade do espaço em Canela é projetar na Serra os benefícios das atividades caninas.

Toda a construção do local foi realizada por meio de mão de obra prisional, vistoriada por técnicos da Susepe. Ao todo, 15 apenados trabalharam para erguer o canil e suas dependências. “A gente precisa dar oportunidades dentro e fora dos presídios”, comenta o delegado.

Para a aquisição dos itens, que foram utilizados na obra, a 7ª DPR recebeu um repasse de R$ 135 mil da Sociedade Civil e de demais valores vindos de penas alternativas realizadas pelas Varas de Execução Criminal (VEC) de Farroupilha e Caxias do Sul. As prefeituras de Gramado e Canela também contribuíram com alguns materiais.

Outra função

Além de atuarem em operações e intervenções nas cadeias, os cachorros do canil da Serra também auxiliam no tratamento de pacientes com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Desde o dia 28 de setembro, os cães vão a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Gramado, para ficar e interagir com 19 pacientes. O encontro, que é o resultado de uma parceria entre a APAE e a 7ª DPR, acontece todas as quartas-feiras.

Fotos: Susepe/Divulgação