É fato, o primeiro passo para ter sucesso na maior parte das iniciativas tem fundamento na informação. Sem o conhecimento dos elementos que circundam um problema, por exemplo, encontrar uma forma de solucioná-lo passa a ser algo pouco provável. Da mesma forma, o combate a disfunções sociais necessita de aporte técnico, uma vez que dá aos envolvidos a possibilidade de encarar as situações por ângulos diferentes e, por consequência, ventilar novas possibilidades de abordagem. Ou seja, no que quer que se faça, ter o básico de informação é indispensável para o êxito.

Contrário a isso, por óbvio, agir sem conhecimento de causa pode agravar alguns cenários e provocar sequelas difíceis de apagar. E justamente neste contexto encontra-se o tema “violência física e emocional doméstica contra crianças” em Bento Gonçalves. Sem denúncia formal dos excessos, que por si só já não garantem punição aos responsáveis ou o fim do abuso, o sistema depende basicamente da percepção de professores, colegas ou vizinhos das vítimas, o que em raras oportunidades se provou ser a forma eficiente de garantir uma infância de qualidade para as crianças. A falta de uma ferramenta ativa e enérgica coloca em xeque o que defende o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), da mesma forma que só contribui para manutenção de famílias desestruturadas e crianças psicologicamente abaladas.

No que quer que se faça, ter o básico de informação é indispensável para o êxito.

A violência parental não é um novo problema social, embora tenha vindo a merecer um olhar cada vez mais atento e um desafio para alguns serviços sociais, educativos e de saúde. A violência doméstica contra crianças e/ou adolescentes vai evidenciar-se mais no âmbito escolar, manifestando-se na indisciplina, agressões aos colegas e professores (situações de bullying), perda de confiança, baixo rendimento escolar, apatia, dificultando a aprendizagem e a construção de atitudes sociáveis e saudáveis.

Existem diversos relatos de crianças vítimas diretas de maus-tratos físicos por parte dos pais, que revelam nas suas histórias as experiências de horror ao testemunharem suas mães serem fisicamente e verbalmente maltratadas. Muitas dessas crianças vivem com o problema da violência em segredo na sua família e o medo e a falta de confiança que algo seja feito reforçam ainda mais esse silêncio.

É da responsabilidade de todos os profissionais de saúde que trabalham com crianças, sejam eles médicos, psicólogos, enfermeiros, educadores ou técnicos de serviço social não ignorarem casos de maus-tratos, pois tal é pôr em causa a vida e o futuro de uma criança e perder a oportunidade de intervir em uma família em crise. E é de nossa responsabilidade, como sociedade, cobrar a elaboração e preservação de elementos que deem possibilidades, potência e praticidade ao combate destes sintomas, antes mesmo que eles se tornem realidade.