Nascidos ou não no município, eles avaliam como positivo o que está ocorrendo na Capital Estadual do Pêssego de Mesa

A pequena cidade de Pinto Bandeira conta com mais de três mil habitantes, que são encantados com o modo de viver no local. A tranquilidade e a calmaria que toma conta das ruas em diversos horários, é o que conquista os moradores.

Vitorino Chimmello tem 69 anos, nascido e criado em Pinto Bandeira. “Quase setenta anos que vivo aqui, mais para o interior onde trabalho com parreiras. Viver em Pinto Bandeira é bom, a cidade é calma, não acontece assalto, é tranquilo. E tem bastante trabalho, mais no campo, mas tem. Todo mundo aqui trabalha, não existe desemprego. Mas mesmo assim, acho que seria bom ter indústrias para cá”, comenta.

Clediane Maria Rosseto tem 45 anos e é agricultora, veio com os filhos e o marido para o município e tem gostado muito. “Sou natural de Nova Roma do Sul, minha família era daqui e vim para cá. Eu amo a cidade, é tranquila, hoje eu preciso ir até Bento fazer exames, mas o nosso posto é muito completo, somos bem atendidos, tem consulta pediátrica, tem psicólogo, fonoaudiólogo, então temos especialistas que atendem ali e facilitam muito a vida da comunidade”, conta.

Clediane Rosseto com os filhos Fabiana e Roberto Rosseto

Rosa Maria Provenzi, tem 73 anos, veio do Caminhos de Pedra, em São Pedro, e foi viver a vida em Pinto Bandeira. “Eu me casei e vim morar aqui, a cidade é boa, eu gosto muito, ela está crescendo devagarinho”, opina.

Mas a moradora, apesar de gostar muito da cidade, tem reclamações em relação ao ônibus que leva até Bento Gonçalves. “É uma tristeza, infelizmente a gente que depende disso sofre, muitos tem carro, mas eu não tenho. Para tudo dependo do ônibus, então o horário dele é as 6h30min, aí fica difícil, tinha que ter mais horários”, afirma.

Além do mais, ela também sente que a cidade, apesar de ter muito trabalho no campo, falta empregos em indústrias e firmas. “Trabalho tem muito, mas é mais na agricultura, não tem firmas para as pessoas trabalharem. Sem falar que muitas pessoas vêm para trabalhar com a agricultura, ou tem vontade, mas não tem moradia”, finaliza.

“Eu não voltaria para a minha terra natal”

Rosani Sganzela veio do interior de Torres para construir a vida em Pinto Bandeira

Rosani Sganzela tem 69 anos, chegou em Pinto Bandeira quando tinha apenas cinco anos, e o local ainda nem sonhava com a emancipação. “Há 52 anos vim para cá, tinha sete anos quando vim com meus pais. Meu pai já é falecido, a mãe está com 90 anos. Vieram porque onde morávamos não dava mais, então tínhamos parentes em Caxias e eles conheceram um senhor que precisava de empregados na colônia, e viemos morar aqui”, relata.

Ela ainda conta que antigamente, vivia no interior com a família, mas ao se casar se mudou. “Me casei e fui morar mais na parte central da cidade, já que antigamente vivia no interior. Mas gosto muito de morar aqui, não iria mais embora e nem voltaria para a minha terra natal. Nada se compara a tranquilidade daqui e a segurança que sentimos, é um local muito bom de se viver”, revela.

Ela é empregada doméstica e o marido, além de ter algumas parreiras, é pintor. Ela conta como enxerga o trabalho na cidade. “Tem bastante emprego aqui, mas mais colônia. Serviço tem muito, meu marido, por exemplo, é pintor e tem parreiras, quando não está cuidando das uvas, está na cidade fazendo este serviço. Então, ele tem tanto trabalho que já está agendado de um ano para o outro. Que nem eu com a faxina, tem muita casa para limpar e poucas pessoas para realizar este serviço”, comenta e ressalta. “Claro que porque não estudei, acabamos não tendo outra opção, mas antigamente a gente não queria saber de estudar, só trabalhar e ganhar dinheiro”, finaliza.

“Me arrependo de não ter vindo antes”

Fátima da Silva tem 62 anos, é aposentada e adotou Pinto Bandeira como sua casa. Veio com o marido à procura de melhores oportunidades de vida, e criou os filhos na pequena cidade do interior. “Faz 25 anos que moro aqui, vim de Soledade, lá nós morávamos na colônia. Meu marido, como era muito doente, quis vir procurar um local melhor para cá e começamos a trabalhar por aqui”, explica.

E a aposentada comenta sobre gostar tanto do município. “Eu gosto daqui porque é uma cidade tranquila, um povo bom e acolhedor. Tem muito trabalho, já cuidei de parreira, caixinhas de frutas. Costumo dizer que só não trabalha quem não quer, é muito bom morar aqui, eu sempre digo: ‘me arrependo de não ter vindo antes para cá”, relata.

E também foi a cidade onde ficou viúva. ““Eu cuidei muitos anos dele, cheguei a dormir no chão de hospital, mas é a luta, não adianta, três anos atrás começou a agravar e falaram que não tinha o que fazer, faz quatro anos que ele partiu”, lamenta.

Um novo país, uma nova chance

Luisandris Salazar e Noris Moreno vieram da Venezuela para viver no município

A fama de uma cidade com emprego para todos e que cuida de seus moradores, faz com que as pessoas tenham vontade de tentar uma chance neste local. Esse é caso de três moças que vieram da Venezuela em meio a crise, tentar uma vida melhor no pequeno município.

Niebes Salcedo tem 65 anos, os filhos vieram para o Brasil primeiro e após isto ela veio, hoje em dia mora com a filha, e encontrou em Pinto Bandeira um lugar mais tranquilo para viver. “Vim para cá em dezembro do ano passado, meus dois filhos vieram para cá primeiro trabalhar. Estamos morando para baixo do cemitério, é uma cidade boa de viver. Minha outra filha se mudou para Caxias, mas eu e minha filha permanecemos, porque ela tem o trabalho dela”, conta.

A história de Niebes é parecida com a de Luisandris Salazar de 24 anos, que trabalha como atende no posto, e sua mãe Noris Moreno de 51, que é cuidadora. As duas vieram juntas com a ajuda do irmão que já vive na cidade há cinco anos. “Foi bem difícil ter vindo para cá, viemos porque estava muito difícil a situação da Venezuela, não tinha emprego e meu irmão morava aqui há cinco anos, então com a ajuda dele podemos vir”, conta Luisandris.

A família fez da nova cidade, o seu lar. “O lugar que viemos era maior, era tudo diferente daqui. Mas as pessoas da cidade foram muito acolhedoras, ajudaram bastante há dois anos atrás quando chegamos. Vivemos bem, moramos aqui perto, trabalhamos e vivemos nossa vida tranquila”, finaliza.

Fotos: Renata Carvalho