Nesta segunda-feira, me descobri apaixonada por futebol.

Bem no final da Capa das Confederações, quando os amantes dessa arte, já relaxados das tensões e comemorações, dormiam o sono dos justos, eu acordei do meu marasmo esportivo e encontrei razões para me converter. E fui convertida!

Não pude resistir à poesia. Ela jorrou feito as Cataratas do Iguaçu e me encharcou de emoção. A Ode recitada com veemência por um comentarista de futebol, me fisgou. Até então – pobre de mim – eu pensava que gênio era Einsten, que propôs a Teoria da Relatividade, revolucionando o pensamento humano. Ou então, Thomas Edison, que nos deu a luz (sem crase). Ou Charles Darwin, com sua Teoria da Evolução. Ou Beethoven – TAM, TAM,TAM! Ou Graham Bell, o primeiro a dizer “Alo?!” Ou Henry For, ou Leonardo da Vinci, ou Sheakspeare, ou Picasso, ou Charles Chaplin, ou o Aleijadinho, ou Marie Curieu… Enfim, essa gente toda que mudou o rumo do mundo e nos deixou um legado.

Mas, nesta segunda-feira, meus olhos se abriram. E fui tomada de novo por aquela emoção que os poemas recitados pelo Bial em homenagem aos heróis e heroínas do Big Brother, me provocaram. Um deles dizia assim: “Ter, a um sonho de amor, o coração sujeito/ é o mesmo que cravar uma faca no peito./ Esta vida é um punhal com dois gumes fatais: não amar é sofrer; amar é sofrer mais”.

Como pude deixar de compartilhar os dramas daqueles meninos e meninas expostos no circo mais vigiado do Brasil, à mercê da sanha dos telespectadores? Como pude esnobar seus papos cabeça, suas idiossincrasias, seus profundos silêncios, suas reflexões intensas?

E como pude ficar tanto tempo no limbo – mais de meio século – privada da visão beatífica que o futebol oferece?

Felizmente, o poema do comentarista me arrebatou do meu mundinho. Entrei no coro dos que estão ovacionando os gênios do futebol, os ídolos da humanidade, os exemplos de vida que certamente nos deixarão um patrimônio… Epa! Que patrimônio?!

Aqui estou eu, de novo, lutando contra meus diabinhos. Pra me redimir, vou chamar alguns gênios consagrados das chuteiras, daqueles para quem eu só creditava habilidade, preparo físico, força, velocidade, coordenação, equilíbrio… Um monte de coisa, menos genialidade. Enfim, vou apresentar estes gênios mais velhos e breve currículo, para reforçar minha intenção de enaltecer os gênios mais novos.

Vamos lá: Ronaldão, o Fenômeno, com o qual o povo brasileiro descobriu que precisa de uma dieta sadia, de um personal trainer para o controle da mesma; outro, para os exercícios físicos e, no mínimo, mais um, para a avaliação da saúde. Ronaldinho, o Iluminado, que introduziu a arte da negociação. Zidane, o Sábio, que ensinou como usar a cabeça. Maradona, o Grande, que revelou o jeitinho de se botar a mão na bola. Adriano, o Imperador, cujas façanhas servem de modelo para esta terra. E – agora sim – o mais novo gênio Neymar, que… que…

Ai, ai, ai! Socorro, Bial! S.O.S. comentarista global! Preciso de mais uma dose de poesia…