Uma série de problemas, àquela época, envolvia a economia do Município. Dentre eles a rígida atuação tributária sobre o vinho, uma das principais fontes de riqueza local , e os obstáculos e dificuldades à circulação, face ao deficiente sistema dos meios de transporte. A produção estragava nos armazéns e depósitos, sujeita à deterioração e às oscilações de preços nos mercados de consumo. O exportador, no caso o comerciante de gêneros alimentícios de origem agrícola ou animal, não podiam contar com um escoamento regular da mercadoria. Esta, antes do advento da estrada de ferro e do caminhão, era transportada por carretas ou por longas filas de cargueiros. A carga era, no início da colonização, transportada até São João de Montenegro, de onde seguia via fluvial até a capital do Estado. Com a chegada da linha férrea, em 27 de dezembro de 1091, até Carlos Barbosa, o progresso d escoamento tornou-se mais fácil, embora a aguda e angustiante condição de ser vencido por aqueles primitivos veículos o trajeto de 20 quilômetros que separavam Bento Gonçalves daquela estação.

Compreenderam, então, os nossos homens de negócios, a necessidade de se unirem em busca de soluções. Inspirados pelo exemplo de outras cidades de maior expressão, constituíram-se em entidade representativa, fundando em 11 de agosto de 1914, a Associação Comercial. O pioneirismo da iniciativa coube a Fiorelo Bertuol, Enoss Balista, Domingos Baldi, Carlos Dreher Filho, Ferrucio Fasolo, Arthur Ribeiro, Giácomo Ferrari e José Torriani. Todavia,é de se registrar a atuação marcante de elementos alheios à classe, como João Spader, Dr. José Cannavá, Dr. Gino Battochio e, sobretudo a influência decisiva do benemérito Juiz da Comarca Dr. Antônio Casagrande. A ele deve-se creditar a maior parcela de méritos, pelo seu empenho junto aos governos Federal e Estadual na alteração e consolidação das leis fiscais, que ameaçarão sufocar a indústria vitivinicola, e pela construção do ramal féreo Carlos Barbosa- Bento Gonçalves.

Trabalhos exaustivos demandaram do culto magistrado maciças e rematadas pesquisas socioeconômicas e estatísticas, a fim de, justificando a reivindicação dos Municípios que seriam beneficiados pela estarad de ferro, serem apresentados às autoridades Federais e Estaduais. E o que era esperado com ansiedade surgiu com a primeira locomotiva chegando à estação de Bento Gonçalves no dia 10 de agosto de 1919. A partir de então, o Município começou a desenvolver em todos os sentidos.

A geração atual, com mentalidade mergulhada na expansão do sistema rodoviário e aeroviário, não pode dimensionar o que significavam, num passado, as vias férreas. A realidade evidente, era de que onde chegasse o trem, com ele chegava a riqueza e a civilização.