Garanto que você pensou nos italianos – viticultores, vinicultores e sonhadores, que materializaram Bacco nas mesas… Ou você pensou nos japoneses – os deuses da agricultura… Ou nos alemães – que chegaram com mala e cuca, conquistando grande fatia do mercado gastronômico… Ou nos poloneses – que, abrindo espaço para seus “dáblius” e “Kas”, aqui encontraram uma pátria livre… Ou nos africanos – que eram livres em sua própria Pátria… Mas você pensou errado.

         Nenhum desses imigrantes atingiu o status descrito no título, porque foi um tubérculo comestível rico em carboidrato, uma tuberosa gostosa seja cozida, frita, recheada, ao molho, no forno ou em forma de nhoque, que uniu os quatro “cantos” do Planeta em torno de uma mesa.  Ou seja: é a matrona da família Solanaceae, a dona Batata, moradora do primeiro andar da Pirâmide Alimentar, o imigrante mais bem-sucedido do mundo. Ela é cultivada em toda a parte, e todos reivindicam a sua procedência.

         Na verdade, eu jurava que esse tubérculo era nativo da minha terra, porque, desde criança, costumava ouvir o pessoal mandar os outros “plantar batatas”. Recentemente, numa espiada pelos bastidores da economia internacional, descobri que ela é originária da Cordilheira dos Andes e que foi “domesticada” há oito mil anos, mas que só viajou para a Europa em 1500, de onde se espalhou para o resto do Planeta.

A pergunta que se faz é “como um tubérculo humilde conquistou o paladar do mundo em apenas alguns séculos”? Parece que a resposta vai além do seu valor nutricional. Tem a ver com seu DNA, sua habilidade natural de sobreviver a guerras e de driblar os cobradores de impostos, se escondendo no subterrâneo, podendo ser arrancada na calada da noite e em doses homeopáticas.

Ela é tão apreciada que, Dakota do Sul, nos Estados Unidos, estabeleceu o dia da batata, reunindo a população em torno de luta-livre em purê e corrida de minitrator, entre outros jogos. Nós não deixamos por menos. Por aqui, o arremesso é de queijos, com corrida de carriola. “E ao vencedor, as batatas”. Ou seria a polenta?

 Enfim, esse tubérculo que se adaptou a todos os climas e regiões, acabou ganhando papéis importantes até na comunicação. Quem, por exemplo, nunca passou a “batata quente” para o companheiro, ou nunca “pisou na batatinha”, ou não garantiu algo como sendo “Batata”?

O problema é quando ficamos na mira de alguém que nos diz “Tua batata está assando…”.