Férias… Que beleza! Em sete numa sala, três gerações do mesmo convívio, cada qual com seu saco de pipoca, aguardavam o início da sessão cinema, via NETFLIX.

-Que gêneros vocês querem? – perguntou o que dedilhava o controle.
-Ação.
-Comédia.
-Suspense.
-Aventura.
-Pô! Assim não dá. Levante a mão quem quer… Só uma mão, baixinha!
E o coordenador do evento familiar passou a fazer nova votação. Sem consenso.
-Então eu vou decidir, galera. Suspense, e ponto final.
E começaram a desfilar, diante dos olhos confusos da plateia, os trailers do gênero. Os comentários não eram estimulantes.
-Baseado em fatos reais… só pode ser ruim!
-Que nojo! Comedores de cérebro…
-O medo tem cara???
-Assim não dá, gente! Vamos pra ação. Eu voto pelo “O Atirador”.
-Eu quero filme completo, com início, meio e fim. Nada de episódios…
-Qualé, tchê! Quanta indecisão! Vamos tentar comédia?
E as imagens passaram a rolar diante de suas dúvidas…
-Filme mela cueca…
-Chato pra cacete…
-Que bosta…
Era o tempo passando e o nível baixando…
-Eu já terminei minhas pipocas – reclamou a pequena.
A sensação de liberdade inicial se transformava em paralisia. O excesso de expectativas, ao invés de prazer, estava gerando frustração.
-Santo Dilema! Um trilhão de opções e ninguém consegue escolher… Vou relaxar na “bat caverna” que ganho mais. Cadê meu “bat ifone”? Alfred?
-De que ele tá falando? – questionou a representante da geração Anita e Ludmila.
-Do melhor herói de todos os tempos: Batman, O Cavaleiro das Trevas, o que não tinha superpoderes, mas que usava a cabeça pra combater o crime…

A menina deu de ombros, já agarrada ao celular de alguém, feito sanguessuga.
Aos poucos, o grupo se desfez, e a esperada sessão da tarde foi pro brejo. O silêncio voltou a reinar. Cada um passou a curtir seu companheiro de bolso de alta tecnologia, em seu “bat canto”, conectado com o mundo… menos com a própria família.