Tratamento para a infecção latente (quando a bactéria está adormecida) levava de seis a nove meses, agora, deve durar três

A partir de 2020, o Sistema Único de Saúde (SUS) deve passar a oferecer um novo medicamento para tratar a tuberculose latente, aquela em que há a presença da bactéria adormecida, mas sem doença, ou seja, não há os sintomas como tosse prolongada e febre. A estimativa é de que 30 mil pessoas vivam nestas condições no país e que, caso contraiam doenças como o HIV/aids, quando o sistema imunológico está mais fragilizado, podem vir a desenvolver a forma ativa da tuberculose.

O medicamento rifapentina, utilizado por três meses, é indicado nestes casos. A oferta do tratamento para os 30 mil brasileiros será possível porque a instituição internacional Unitaid, parceira da Organização Mundial da Saúde (OMS) na busca por soluções inovadoras na prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças, conseguiu negociar uma redução de 70% no preço do tratamento, passando de US$ 45 para US$ 15.

De acordo com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, a expectativa é de que com a nova medicação, o país consiga alcançar as expectativas mundias para a eliminação da doença até 2030. “A redução no preço do tratamento da tuberculose latente é um passo significativo para nos dar condições de incorporar um novo esquema medicamentoso para  prevenção da tuberculose no SUS, que é eficaz ao mesmo tempo em que diminui pela metade a duração do tratamento. As pessoas estão mais dispostas a aderirem e completarem tratamentos mais curtos. Assim, a nossa expectativa é alcançar e tratar mais pessoas que podem adoecer de tuberculose ativa e alcançar as metas internacionais de eliminação da tuberculose até 2030”, afirma Mandetta.

A incorporação do medicamento no Sistema Único de Saúde (SUS) será analisada pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), que assessora o Ministério da Saúde na decisão de incorporar novas tecnologias no SUS. Agora, a viabilidade financeira está assegurada para a oferta do medicamento às pessoas com tuberculose latente, com uma economia de cerca de US$ 900 mil, considerando a compra do medicamento para tratar 30 mil pessoas no Brasil.

Tratamento

Atualmente, o tratamento para a tuberculose latente é feito com o medicamento isoniazida, com a administração de 180 doses em seis meses ou 270 doses em 9 meses. Com o novo esquema terapêutico pelo medicamento rifapentina, o tratamento deve durar 3 meses com a administração de 12 doses, ou seja, um comprimido por semana. Assim, o tempo de tratamento cairá pela metade, passando de seis ou nove meses para apenas três meses. A terapia preventiva impede que a tuberculose latente se torne ativa.

Tuberculose

Segundo estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), um quarto da população mundial tem tuberculose latente, quando a bactéria está adormecida. A expansão do tratamento para tuberculose latente faz parte da estratégia da OMS para reduzir a doença para menos de 10 casos por 100 mil habitantes.

No Brasil, em 2018, foram diagnosticados 75.717 casos novos de tuberculose ativa, o que corresponde a um coeficiente de incidência de 36,2 casos para cada 100 mil habitantes. Alguns grupos estão mais suscetíveis a desenvolverem a doença (com a presença dos sintomas), como as pessoas que vivem com o HIV que têm cerca de 25 vezes mais risco de desenvolverem tuberculose ativa quando comparado a pessoas que não têm o vírus. Isso acontece por causa da fragilidade do sistema imunológico e, por isso, pode acometer também pessoas em uso de terapias imunossupressoras, utilizadas por pacientes transplantados.  

O Brasil tem conseguido avanços significativos no cuidado e tratamento da tuberculose. O país atingiu as Metas dos Objetivos do Desenvolvimento do Milênio (ODM) de enfrentamento à tuberculose, que previa reduzir, até 2015, o coeficiente de incidência e de mortalidade da doença em 50% quando comparado com os resultados de 1990. Em 2017, foram registradas 4,6 mil mortes pela doença.

Fonte: Agência Saúde
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