Bento Gonçalves, Caxias do Sul e Farroupilha terão coordenadores locais; Cpers Sindicato – Núcleo de Bento Gonçalves é contrário, garantindo que a proposta não auxilia no debate educacional

Pelo menos três municípios da região já integram uma iniciativa da Frente Parlamentar contra a Doutrinação Ideológica no Ensino do Rio Grande do Sul. A iniciativa, do deputado Capitão Martim (Republicanos), terá coordenadores nas cidades de Caxias do Sul, Bento Gonçalves e Farroupilha. Conforme o parlamentar, a ideia, apresentada e apoiada por outros parlamentares na Assembleia Legislativa ainda no ano passado, visa descentralizar e dinamizar os trabalhos da Frente, que tem como objetivo combater a influência ideológica no ambiente escolar.

Segundo o deputado, os coordenadores regionais são voluntários, inseridos nas comunidades locais, sendo líderes de bairro ou ligados a movimentos educacionais e didáticos. “Eles são os olhos e ouvidos da Frente nas regiões. São responsáveis por reunir informações, acompanhar denúncias e manter contato direto com o corpo docente, discente e famílias dos estudantes”, disse.

Em Bento Gonçalves, Sidnei Postal assumirá a coordenação. Em Caxias do Sul, Hiago Stock Morandi e Nádia Piovezan e em Farroupilha, Darlan Jesus será o representante da Frente. A ideia do político é que por meio dos coordenadores regionais, a Frente Parlamentar ganhe força e ouça as demandas da população. “Queremos que as salas de aula sejam espaços de livre debate, promovendo a pluralidade de ideias e a liberdade de pensamento”, afirma Martim.

As próximas etapas serão a realização de debates e audiências públicas em diversas cidades para discutir o tema da doutrinação no ensino. 

CPERS Sindicato – Núcleo de Bento critica iniciativa

Para a direção do Núcleo do Cpers Sindicato de Bento Gonçalves, a proposta não vem auxiliar no debate educacional, seja ele no município, estado ou país. De acordo com o diretor do núcleo da Capital do Vinho, Leonildo da Luz de Moura, a frente “segue a receita de doutrina dos malfadados da Escola Sem Partido e Homeschooling“, propostas apresentadas anteriormente e fracassadas, segundo ele. “Por óbvio, somos contrários. Atentam contra a democracia, a cidadania, às liberdades e promovem perseguições, preconceitos, extremismos e negacionismos que nos levaram a doentia polarização política, às recorrentes manifestações discriminatórias e ofensivas, ao golpismo e às mortes de milhares vitimados pela omissão na pandemia de covid”, explica Moura.

Conforme o diretor do Sindicato que representa os professores do serviço público estadual, a verdadeira defesa da educação passa pela liberdade de expressão nos estabelecimentos de ensino. Segundo Moura, a escola deve ser um ambiente livre de quaisquer formas de opressão, violência e censura, promovendo uma educação libertadora. “Defendemos a gestão democrática, a liberdade de cátedra e as concepções pedagógicas que formem cidadãos críticos, conscientes e autônomos para o exercício da cidadania. Sinceramente esperamos que essa atitude seja repensada por parte do governo e coordenadorias”, pontua.