Este texto é um tributo às jovens dos “anos dourados”, que passaram pelo mesmo portal e comungam da mesma expectativa: continuar andando “pela longa estrada da vida”, se não “ricas e milionárias” de alegria e saúde, pelo menos com muito bom humor. É também uma forma divertida de liberar os sonhos e exorcizar os diabinhos que se multiplicam a cada década… Afinal, cada fase da existência tem seus encantos… A questão é subverter os conceitos e cantar “É a vida! É bonita, é bonita e é bonita!”
Obviamente, a mulher de sessenta não espera ser homenageada em prosa, verso e música da mesma forma que a mulher de quarenta. Mas, se escasseiam glamour e sensualidade, sobram humor e sensibilidade, predicados mais sólidos, assim como os tons das tintas nos cabelos.
Hoje, a mulher de sessenta não fica contabilizando os prejuízos – ela corre atrás deles. Engenheira de seu destino, “ela sabe muito bem o que quer, sabe o que precisa fazer e vai à luta” e só escuta o que lhe acrescenta.
Até “passarinha” a mulher de sessenta virou. Não apenas por abrir a gaiola das opiniões formadas e lançar-se em voos metafóricos ou reais, mas por adicionar ao cardápio todas as sementes que prometem suavizar os efeitos da idade: linhaça, chia, quinoa, amaranto, abóbora, gergelim… E não para por aí. Consome aveia, nozes, castanhas do Pará, avelãs, damascos, tudo na medida certa de suas necessidades hormonais, sem esquecer a velha e boa banana diária para a reposição do potássio que se esvai nos suores da menopausa..
A mulher de sessenta dispõe de pouco tempo para se sentar. Às voltas com os “istas” (dentista, cardiologista, ginecologista, ortopedista, reumatologista, oculista… – é uma lista imensa), que lhe subtraem fatia significativa de seu orçamento, ela não “se entrega pros home”, pois “lutar é a marca” dessa guerreira.
As academias também a chamam para uma batalha bizarra contra a Lei da Gravidade, oferecendo-lhe opções de Herodes a Pilates. E os departamentos dos shoppings a convocam com seu leque imenso de antídotos contra os radicais livres cujo desserviço é escravizar.
A mulher de sessenta pode até virar atleta – de raquete em punho, ela encara duplas e paredes, disputando o momento. Ou poeta – de leptop em punho, ela desnuda e traveste palavras, eternizando o momento. Pateta? Em algum momento, só para fazer graça…
A mulher de sessenta cria, inventa e reinventa… Tem idílios, ama, sonha, brinca, curte trocadilhos… Fala muito – consigo, com as amigas, com o gato, o cachorro, as plantas, o joanete…
A mulher de sessenta tem pressa, por isso não desdenha “o cavalo que passa encilhado”. E, se preciso for, cavalga em pelo mesmo, porque a vida “é bonita, é bonita e é bonita!”