Enquanto as comunidades afetadas pelas chuvas intensas lutam para se recuperar, relatos de desespero e solidariedade emergem entre os sobreviventes. Aldo Buffon, morador da região de Veríssimo de Matos, duramente atingida, compartilhou sua experiência de deixar sua casa e buscar abrigo em meio ao caos. “Vim em um ônibus, estava abrigado no salão do Veríssimo. Quando tudo começou, saí de casa muito rápido, então eu e outras pessoas nos abrigamos na casa de um amigo e, em seguida, o ônibus chegou para nos buscar”, disse.

Apesar de não ter perdido sua própria casa, Buffon testemunhou a devastação causada pelas chuvas. “Três casas antes da minha foram levadas pela terra”, lamenta.

Os relatos do sobrevivente refletem a agilidade e o espírito de solidariedade que emergiram entre os moradores em meio à tragédia. Enquanto muitos perderam suas casas e pertences, a comunidade se uniu para oferecer apoio mútuo e ajuda aos necessitados.

Edson Maciel da Silva, também morador da linha Veríssimo de Matos, compartilhou seu relato emocionante sobre os momentos de terror vividos durante as chuvas intensas que assolaram a região. Embora sua casa tenha permanecido intacta, ele descreveu como a residência de seu vizinho foi arrastada para dentro de seu próprio pátio.

“Saímos às 4h30min da manhã quando tudo estourou”, destacando a rapidez com que a tragédia se desenrolou. Seguindo as orientações das autoridades, ele e sua família buscaram abrigo no salão comunitário da região.

No entanto, quando tentou retornar à sua casa ao amanhecer, encontrou o caminho bloqueado pela terra e água. “É a terceira vez que isso acontece”, revela. “Vamos recomeçar tudo do zero de novo”, comenta. Ele compartilhou sua incerteza em relação ao estado de sua residência, lembrando que, embora a interdição tenha sido removida após a primeira tragédia, agora não sabe se sua casa resistiu ao impacto das chuvas.

Apesar dos desafios enfrentados, Silva ressalta a importância de manter a esperança e agradecer por estarem todos vivos e bem. “O material, a gente corre atrás”, concluiu, demonstrando determinação em reconstruir suas vidas após a tragédia.

“Viemos pelo mato, não conseguimos tirar nada de dentro de casa”, relata moradora

Entre os relatos de tragédia e superação, destaca-se o de Clair Maciel da Silva, moradora local há cerca de oito anos, cuja casa resistiu às águas implacáveis, mas testemunhou a destruição completa da residência de sua vizinha, conhecida como Tica. “Minha casa encheu de água, mas não caiu”, descreve a idosa, compartilhando o choque da comunidade diante da fúria da natureza.

Enquanto os frutos de sua plantação de bergamotas, caquis e abacates jazem submersos sob a água lamacenta, ela e outros residentes se viram obrigados a buscar refúgio no salão comunitário de Veríssimo, já nas primeiras horas da manhã, quando a inundação os forçou a abandonar suas casas. “Viemos pelo meio do mato, não conseguimos tirar nada de dentro de casa”, lamenta, refletindo sobre a impotência diante da calamidade. A solidariedade, no entanto, tem sido uma tábua de salvação para muitos. “Levamos comida para o salão, onde encontramos umas 80 pessoas, muita gente unida em busca de amparo e apoio mútuo”, conta Clair.

Diante das dificuldades impostas pela tragédia, a idosa planeja buscar abrigo na casa de sua filha, enquanto lamenta os altos custos da vida moderna para sua família aposentada. “Agora vamos tocar o barco”, afirma, resignada, encarando o desafio da reconstrução com determinação.

Pedido urgente de doações para voluntários

Mônica dos Anjos, voluntária que está trabalhando no salão da comunidade, faz um apelo emocionado à comunidade em meio à tragédia causada pelas fortes chuvas. Ela destaca a urgente necessidade de doações de roupas para crianças, com uma variedade de tamanhos e estilos. “Estamos precisando de roupas para crianças de vários tamanhos, desde os pequeninos até os pré-adolescentes”, enfatiza. “Além disso, precisamos de roupas íntimas tanto para meninos quanto para meninas”, pontua.

A solidariedade da comunidade tem sido fundamental para ajudar aqueles que foram afetados pela tragédia. Mônica e outros voluntários estão trabalhando incansavelmente para garantir que todos tenham acesso às roupas e itens essenciais de que precisam para reconstruir suas vidas. “Qualquer ajuda é bem-vinda e fará uma grande diferença para aqueles que perderam tudo nas enchentes”, destaca.

Diante da imensa necessidade, a generosidade da comunidade brilha como uma luz de esperança em meio à escuridão da tragédia. A união de esforços e o apoio mútuo demonstram o verdadeiro espírito de solidariedade que une as pessoas em tempos difíceis.