De acordo com relatório da Secretaria de Segurança (Semseg), por meio da Defesa Civil e Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano (IPURB), 115 casas foram levadas pela enxurrada e 200 foram danificadas e precisam reparos

Em Bento Gonçalves, a localidade mais atingida foi a Linha Alcântara. Por lá, apesar do semblante de tristeza no rosto dos moradores, o momento também é de união e de reconstrução. Na comunidade, de acordo com relatório da Secretaria de Segurança (Semseg), através da Defesa Civil e Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano (IPURB), 115 casas foram levadas pela enxurrada e 200 foram danificadas e precisam reparos.

Conforme o secretário de Esportes e Desenvolvimento Social (Sedes), Eduardo Viríssimo, as equipes seguem auxiliando. “Já estamos recolocando, em casas de quatro famílias, alguns móveis. Duas delas perderam tudo e conseguimos residência em outro lugar e outras duas conseguimos fazer a limpeza. As demais equipes seguem fazendo limpezas das ruas, remoção de galhos, mas está tudo controlado e organizado para dar andamento neste trabalho que não é fácil de fazer”, pontua.

Momento de reconstruir

Apesar de doloroso para quem perdeu tudo, o momento é de reconstrução e auxílio de muitas mãos. Marcelo Glanerte diz que é difícil explicar a sensação de ver tudo que foi conquistado ao longo de muitos anos, ir embora. “Olha, depois de construir tudo isso aqui, sabermos o valor de cada pedra que temos e perder tudo, é difícil. É uma história de 200 anos que foi embora com a água. Quando que vamos conseguir reerguer tudo isso um dia? Tudo isso aqui não, porque se a gente construir de novo aqui, a água vai levar embora novamente”, conta.

Adriana Glanerte lamenta que uma história foi perdida. “Minha família mora aqui há mais de 150 anos. Tínhamos a casa paterna dos meus falecidos avós, a dos meninos e dos meus pais. Aqui também tinha a empresa de restaurações. Foi tudo embora. Nossa família perdeu tudo, estamos tentando juntar os restos”, explica.

O incrível é que, de alguma forma, a esperança, aos poucos, também é encontrada. “Uma peça de restauração, uma imagem de Santa Bárbara foi encomendada para colocar lá no outro lado da ponte, na rota, mas não deu, ocorreu esse desastre. Entretanto, ela ficou embaixo dos escombros, está inteira. A gente não acreditava achar nada, mas fui procurando, achei uma coisinha vermelha, a gente ergueu e ela está praticamente inteira. É inexplicável”, conta.
Conforme Marcelo, a santa era da paróquia de Santa Bárbara e seria colocada no trevo. “Infelizmente não deu”, pontua.

A residência ficava próximo à ponte de Santa Bárbara, que foi levada embora pela força das águas. “Duzentos anos, as famílias antigas daqui, a água nunca chegou aqui
e agora tudo destruído. A ponte foi construída para nunca chegar água em cima dela, mas passou por cima. Quebrou a ponte. Isso aí não é apenas na natureza. Esse aí é a engenharia mal pensada. Sim. E aí quem que vai quem que vai indenizar? Quem que vai pagar nós?”, indaga Glanerte.
Jeferson Rodrigues está há três dias limpando a casa. Apesar de não ter a residência levada pela força das águas, perdeu tudo o que tinha dentro dela. “É triste, mas temos que nos reconstruir, ficar parado não dá. Já faz três dias que estou aqui limpando, todos os dias. Perdemos tudo, tanto em baixo como em cima, não se salvou nada. É difícil a situação”, revela.

Adriana Glanerte Moradora

Foi tudo embora. Nossa família perdeu tudo, estamos tentando juntar os restos