A fala de Damaris sobre questão de gênero causou grande bate-boca nas redes sociais. Aliás, toda fala de Damaris provoca grande bate-boca. Ela é uma destas pessoas que despertam uma legião de anjos e demônios enfurecidos capazes de promover polêmicas a granel.

Dia desses, comprei “briga” por causa de Damaris, não por tê-la defendido, mas por criticar a manipulação de sua fala. E nem era um “textão”, mas um textinho minúsculo onde uma palavra foi “inocentemente” substituída por outra. Tipo “deve” ao invés de “pode”. Parece pouco, mas faz toda a diferença.

Depois entrei noutra “briga” por causa de um vídeo que, retirado do seu contexto, dava a entender justamente o contrário do que Damaris estava defendendo. E – ressalto – não “briguei” por causa da ideia da ministra que, inclusive, não é a minha ideia, mas pela distorção da mesma.
Quem manipula a notícia objetiva criar maior impacto na massa. A velocidade das redes sociais e a horizontalidade da leitura são um terreno fértil para a propagação de manifestações deturpadas e de fakes news. Pouca gente se dá o trabalho de pesquisar as notícias em sites confiáveis e acaba indo na onda. É o tal “efeito manada”.

Acho até que, pela sutileza da coisa, é mais preocupante uma notícia real distorcida do que uma notícia totalmente falsa. Esta pode ser desmentida na hora; aquela, por se basear em pontos verdadeiros aos quais se acrescentam outros que vão dar a forma desejada, não causa estranheza ao olhar menos cauteloso.

Não é só Damaris que está na mira dos manipuladores de plantão. Muitos políticos – de direita, de esquerda, de centro ou de posição nenhuma – já sofreram ou podem sofrer esse tipo de abuso.

Mas Damaris está atualmente no olho do furacão. E uma de suas falas – a de que menino usa azul, e menina usa rosa – mexeu com parte da população brasileira. Foi tão grande a ira – ou prazer? – dos internautas que eles a vilipendiaram sem dó nem piedade.

A intelectualidade também compareceu. Caetano todo Veloso postou no Instagram um look rosa, e o pontualíssimo Jorge, correspondente internacional da Globo vestiu terno da mesma cor. Já a âncora, Lo Prete apareceu de azul. Foi, no mínimo, engraçado.

Diante de tamanha repercussão, Damares reagiu, esclarecendo ter usado uma metáfora.

Opa! Cheguei onde queria. Na verdade, a metáfora devia estar na rota, e não no fim do caminho. O problema é que entrei num sistema gravitacional bizarro e acabei orbitando em torno de declarações da ministra religiosa. Bom, tomara que não tenha sido em vão e que não se desencadeiem “guerras santas” em pleno século XXI. Afinal religião e política não combinam.