Campanha, que segue até o final do mês, busca voltar atenção para a importância do diagnóstico precoce do câncer de próstata

No dia 17 de novembro é comemorado o Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata, data que deu origem ao movimento Novembro Azul que, desde 2008, faz parte do calendário oficial de eventos no Brasil. O início foi em 2003, na Austrália, com o objetivo principal de chamar a atenção para a importância de exames periódicos visando a prevenção e detecção precoce do câncer de próstata, entre outras doenças.

Diariamente, 42 homens morrem em decorrência do câncer de próstata e, aproximadamente, 3 milhões vivem com a doença, sendo esta a segunda maior causa de morte por câncer, em homens, no Brasil.
Mundialmente, em 2020, foram 1,4 milhão de casos novos, o que equivalente a 15,2% de todos os tipos de câncer entre homens. A doença atinge todos os anos cerca de 72 mil pacientes em todo o Brasil. No Rio Grande do Sul, as estimativas também apontaram como o quinto Estado com maior incidência de novos diagnósticos em 2020, com 3,9 mil casos positivados. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), este tipo de câncer só perde, em incidência, para o de pele não melanoma. Muitas vezes o diagnóstico é feito de forma tardia, o que pode comprometer o tratamento e, consequentemente, as chances de cura do paciente.

Segundo a publicação mais recente da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizada em 2019, as mulheres procuram mais os serviços médicos do que os homens. Nos 12 meses que antecederam a entrevista, mais de 159 milhões de brasileiros haviam se consultado com um médico, o equivalente a 76,2% da população. Entre as mulheres essa proporção alcançou 82,3% e, na população masculina, apenas 69,4%.

Para mudar o cenário e incentivar o cuidado com a saúde de uma forma global, a Liga de Combate ao Câncer de Bento Gonçalves está empenhada em ampliar a abrangência do ‘Novembro Azul’ – assim como fez no mês que passou, o Outubro Rosa, com foco no autocuidado feminino. “Buscamos conscientizar as pessoas sobre a importância de cuidar do corpo antes que ele adoeça e, também, da relevância de identificar e tratar as doenças com precocidade. Combinados, esses esforços salvam vidas. É essa a missão da Liga ao longo do ano, mas que se intensifica em campanhas como o Novembro Azul, que convida, também, para um olhar atencioso para a saúde do homem”, explica a presidente Maria Lúcia Severa.

Entre as ações promovidas pela Liga estão a disseminação de conteúdo informativo para a comunidade com orientações sobre o tema, tanto nas redes sociais quanto em palestras e conversas em empresas e instituições locais. Outra ação relevante é a oferta do exame PSA (antígeno prostático específico) funcionários de empresas da cidade, para que casos com resultados alterados possam ser encaminhados para consultas, exames e outras investigações.

A idade é o principal fator de risco para o câncer de próstata, sendo mais comum em homens a partir dos 60 anos, bem como os que têm histórico familiar da doença, antes dos 60 anos, e obesidade para tipos histológicos avançados. Destaca-se ainda a exposição a agentes químicos relacionados ao trabalho, sendo responsável por 1% dos casos.

Não há recomendação para rastreamento (exames de rotina) do câncer de próstata, uma vez que as evidências atualmente disponíveis apontam para balanço desfavorável entre os riscos e benefícios para a saúde dos homens. Caso a pessoa deseje realizar esses exames, a decisão deve ser compartilhada, após o profissional de saúde conversar sobre todos os possíveis riscos do rastreamento.

Diagnóstico do câncer de próstata

Os exames utilizados para a investigação do câncer de próstata são o PSA e o toque retal. A finalidade é verifica, no sangue, o antígeno prostático específico, que é uma proteína produzida pela próstata e está presente na corrente sanguínea e no sêmen. Níveis alterados dessa proteína podem indicar problemas na próstata. O toque retal possui a finalidade de avaliar o tamanho, o volume, a textura e a forma da próstata.

Prevenção e tratamento

A única forma de garantir a cura do câncer é o diagnóstico precoce. Mesmo na ausência de sintomas, homens a partir dos 45 anos, com fatores de risco, ou 50 anos sem estes fatores, devem ir ao urologista para conversar sobre o exame de toque retal, que permite ao médico avaliar alterações da glândula, como endurecimento e presença de nódulos suspeitos. Cerca de 20% dos pacientes com câncer de próstata são diagnosticados somente pela alteração no toque retal. A indicação da melhor forma de tratamento vai depender de aspectos como estado de saúde atual, estágio da doença e expectativa de vida. Em casos de tumores de baixa agressividade há a opção da vigilância ativa, na qual periodicamente é feito o monitoramento da evolução da doença, com intervenção se houver progressão.