A coisa mais moderna que existe nessa vida é envelhecer”, já dizia Arnaldo Antunes ao cantar, em 2009, a música Envelhecer. Mais atual impossível, a canção fala com leveza, ironia e bom humor sobre a chegada da velhice – realidade cada vez mais comum no mundo e, principalmente, nos países em desenvolvimento, como no caso do Brasil. É o que revelam os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2060, uma grande parcela da população brasileira será de idosos com mais de 60 anos.

Hoje, são 20,6 milhões de idosos, o que representa 10,8% da população. Em 2060, esse número representará 26,7% do total. Em Bento Gonçalves, esta realidade já é sentida, e o número de mulheres acima dos 60 anos já passou o das crianças de 0 a 14. Com isso, o futuro estrutural, econômico e sustentável da Capital do Vinho dependerá, cada vez mais, das políticas públicas que mirem estas faixas etárias.

A taxa de fecundidade vem sofrendo reduções significativas a cada ano, considerada como um fenômeno global

A medicina, influenciada pelos avanços tecnológicos, além de acompanhamentos e cuidados com a alimentação, são os principais fatores responsáveis pelo aumento da expectativa de vida da população. Conforme dados da Organização das Nações Unidas (ONU), em 1950 existiam 250 milhões de indivíduos com mais de 60 anos no planeta. Esse número quase se triplicou até o ano 2000, somando 606 milhões de pessoas.

A taxa de fecundidade vem sofrendo reduções significativas a cada ano, considerada como um fenômeno global. Vários países já apresentam taxas de crescimento populacional baixíssimas e um elevado aumento da população idosa. Atualmente, a taxa mundial de crescimento da população idosa é de 1,9% ao ano, maior que a do crescimento da população em geral, que é de 1,17%.

O fato é que, em momento pós aprovação da Reforma da Previdência, onde a população idosa terá de trabalhar mais tempo para se aposentar, o texto poderia, ao menos, trazer a garantia de empregabilidade dos mais idosos, de forma a reduzir o preconceito que ainda persiste no Brasil em relação ao trabalho dessa faixa etária. O governo deveria promover políticas de saúde educacional e melhorias nas condições de emprego para essa população. Além disso, se não houver cuidado, pode-se criar problemas difíceis de serem solucionados no futuro, como o aumento de aposentadorias por invalidez. Sem preparar o País para essas novas condições, o risco social é alto.