Desde março de 2017, o padelista bento-gonçalvense Lucas Bergamini atua como atleta profissional nas quadras europeias. Com apenas 20 anos, o atleta saiu de Bento Gonçalves para passar um breve período na Espanha e adquirir experiência. Porém, os planos foram alterados e a sua estadia em território espanhol virou morada fixa.

Na temporada, Bergamini passou a disputar as etapas da World Padel Tour (WPT), principal circuito da modalidade no mundo. Ao longo do período, o jogador foi melhorou em atributos e números e subiu posições no ranking.

Em um primeiro momento, necessitava disputar todas as fases preliminares dos torneios Challenger, que reuniam os atletas emergentes do pádel. Na sequência, já passou a garantir vaga em fases mais avançadas e participação nos torneios do maior nível do pádel mundial. Bergamini iniciou e terminou os circuitos fazendo dupla com Lucas Campagnolo, de Alegrete.

De férias, o jogador avaliou a experiência adquirida em seu percurso na Europa – tanto dentro, como fora das quadras. E falou sobre os planos para 2018 que, segundo ele, será de muito pádel pelas quadras europeias.


Jornal Semanário: Foram vários meses de experiência na Europa, em atuação e treino em alto nível. Como foi a experiência como atleta?
Lucas Bergamini: Eu fui para a Espanha após a conquista da Fabrice Pastor Cup, quando ganhei a oportunidade de atuar na Europa. Porém, um convite do meu amigo e companheiro Lucas Campagnolo me chamando para ficar um tempo na Espanha me fez ficar mais um tempo por lá. A ideia inicial era passar três meses treinando lá, e não a temporada toda. Nosso primeiro torneio foi em Santander, na mesma semana em que chegamos em Madri, e logo de cara chegamos ao quadro principal do torneio. Foi uma mistura de sentimentos: ficamos felizes mas também muito surpresos pelo desempenho logo na primeira participação no circuito. Depois disso, comecei a viver um sonho que até então era muito distante para mim. Eu passei a realizar treinamentos com jogadores que eu acompanhava desde pequeno e que são verdadeiros ídolos para mim. Demorou um tempo para eu perceber onde estava.

JS: Ao longo da temporada da WPT viu-se uma evolução em teus resultados e também no ranking do pádel mundial. Começou batalhando nas pré-previas, depois avançou bastante, até chegar no nível de ir direto para as prévias. A evolução ficou realmente visível nesses momentos ou era algo que tu notava no dia a dia?
Bergamini: O fato é que o nível do circuito é muito alto por conta dos bons atletas. Não há maneira de chegar longe nas disputas se não houver esforço e muito treinamento. E fizemos isso para atingir os objetivos. Esse é o nosso trabalho: treinar. Devido à força do circuito e os treinos intensos é notável a nossa evolução ao longo da temporada. Chegamos ao fim do ano e, ao olhar para o que fizemos, sem dúvidas percebemos o quanto melhorarmos.

JS: A última participação em etapa do WPT em 2017 foi na Argentina. Como foi sair da Europa e atuar próximo de Bento Gonçalves após esse longo período no Velho Continente?
Bergamini: Atuar na Argentina foi especial. É muito bom jogar perto de casa e com torcida a favor, coisa que na Europa não acontecia. Eu e o Campagnolo fomos derrotados para o Javier Ruiz e Uri Botello, que avançaram até às quartas de final do torneio. Foi muito especial.

JS: Como avaliar este período na Europa e quais os planos para a próxima temporada?
Bergamini: Após a participação na etapa de Buenos Aires, concluímos o ano com nossos objetivos alcançados, sem dúvida nenhuma. Eu convivi e treinei com importantes pessoas, além do meu atual companheiro. Joguei com o Lucas Cunha, Antonio Fernandéz, [meu irmão] Juliano Bergamini. A minha vida hoje é na Espanha, não tenho como mudar isso. Para 2018, eu seguirei fazendo dupla com Lucas Campagnolo para as disputas nas etapas da World Padel Tour.

JS: Toda mudança também gera dificuldades para além do âmbito profissional. No quesito pessoal, como foi mudar de país, deixar família e conhecidos para buscar o sonho profissional?
Bergamini: Tudo aconteceu diferente do planejado já que eu não pretendia ficar muito tempo na Espanha. Porém, o universo que eu desejo viver estava lá e não podia deixar essa oportunidade passar. A vida é feita de escolhas. Eu tenho um elo muito forte com a minha família, mas precisei seguir meu rumo. Usei isso como força para seguir em frente e enfrentar uma vida diferente e independente, mas que eu sempre quis.

JS: Para encerrar, Bento Gonçalves sediou o Sul-Americano de Pádel Amador e reuniu atletas de quatro países e estruturas modernas. Como tu viu, ainda que distante, a evolução do pádel na cidade?
Bergamini: A iniciativa do Sul-Americano foi tremendamente fantástica. Ela certamente impulsionou o pádel amador. Bento Gonçalves cresce muito e já é referência nacional da modalidade, tanto pela estrutura física das quadras quanto por conta dos praticantes que são apaixonados pelo esporte. Certamente, a cidade oferece um tratamento especial para os participantes de evento de pádel e por isso podemos dizer que os campeonato são um sucesso.