Estava eu planando pelas belezuras dos Jardins Champs-Élysées, de Paris, quando pisei no acelerador e… BUM! Fui-me embora pra… Marselha, em pleno verão de 1944. Seria meu destino entrar sempre em zona de guerra?

Olhei ao meu redor… Abaixo de mim, o mar engolindo mistérios… Acima, o céu revelando mistérios… De repente, um grupo de aviões de reconhecimento cortou o espaço… O radar alemão alertou seu esquadrão de combate que um P-38 com cores francesas, fazia acrobacias aéreas estranhas e hábeis. Um jovem piloto de nome Rippert não teve dúvidas: disparou e derrubou o “invasor”.

Teria sido esse o triste fim de Antoine Saint-Exupery, o escritor que pilotava um caça numa missão especial? É possível, mas seu corpo jamais foi encontrado… Então, viajei fundo e decifrei o enigma…

Tem a ver com aquele menino de cabelos cor de ouro, vestindo roupas coloridas e extravagantes, que surgiu do nada, quando Antoine caiu no deserto, a mil milhas de qualquer terra habitada, com sua máquina voadora… Numa das vezes em que caiu, diga-se de passagem. Naquela ocasião, o garoto mágico, que se apresentou como único habitante do Planeta Asteroide B-612, ansiava em fazer um amigo. E fez.

Ambos tocaram o coração um do outro, tornando-se eternamente responsáveis, um pelo outro. Depois de breve e marcante convivência, seguiram caminhos diferentes, inclusive em Planetas diferentes… Embora lá, longe, em seu Asteroide, o garoto jamais esqueceria seu amigo, pois se o fizesse, correria o risco de se tornar como as pessoas grandes, que já não se interessam por nada além dos seus códigos numerados…

Isso tudo me leva a crer que, naquele raio de luz que visualizei durante a queda do avião no Mediterrâneo, estava a mão do pequeno príncipe. Lançando uma rede de estrelas, ele resgatou seu amigo da morte certa. É claro que não o devolveu à Terra, um planeta belicoso que precisa aprender  a construir pontes ao invés de muros, que precisa entender que só os caminhos invisíveis do amor libertam o homem, e que o amor é a única coisa que aumenta à medida que se reparte… Mas ele não odeia a humanidade, porque seria loucura odiar todas as rosas porque uma o espetou.

Tenho a impressão de que o Pequeno nos vigia lá, do alto do seu Asteroide, na expectativa de que a paz floresça neste mundo confuso, obscuro e beligerante, torcendo para que a gente possa ver além das aparências, porque O ESSENCIAL É INVISÍVEL AOS OLHOS.