Em 2023, o tema do movimento é “Equilíbrio”. Psicóloga sublinha ter uma vida equilibrada permite encontrar caminhos para lidar de uma maneira mais leve e justa com
situações e sentimentos

Com o início de um novo ano, o cuidado com a saúde mental é um propósito que vale a pena, e entre as diversas tons que vão colorir 2023 para conscientização, os primeiros 30 dias começaram com o branco, a cor que simboliza paz no Réveillon.

O Instituto Janeiro Branco é quem coordena o movimento social com o mesmo nome, dedicado à construção de uma cultura da saúde mental na humanidade. Dessa forma, é possível chamar a atenção dos indivíduos, das instituições, das sociedades e das autoridades para as necessidades psicológicas dos seres humanos.

Segundo a psicóloga Suelen Maia, pelas definições da Organização Mundial de Saúde (OMS), saúde mental é um estado de bem-estar em que o indivíduo percebe suas próprias habilidades. “Ele pode lidar com as tensões normais da vida, trabalhar de forma produtiva e frutífera e é capaz dar uma contribuição para sua comunidade. Entendo que a saúde mental está relacionada à forma como os sujeitos reagem às exigências, desafios, mudanças da vida e ao modo como buscam equilibrar suas ideias e emoções”, explica.

Para Suelen, diariamente é possível vivenciar uma série de acontecimentos, bons ou ruins, mas que fazem parte da vida. “Podemos dizer, então, que a saúde mental contempla, entre tantos fatores, a capacidade de sensação de bem-estar e a disposição em manejar as adversidades e conflitos, reconhecendo e respeitando seus próprios limites”, analisa.

Conforme a profissional, cuidar da saúde mental é de extrema importância, pois trata-se de autocuidado. “É evitar doenças e criar estratégias para lidar com as diversas situações da vida. É necessário, é valioso! Quando você se sente bem consigo mesmo consegue determinar melhor como lida com os desafios do dia a dia, como se relaciona com as pessoas em sua volta e como toma as decisões mais adequadas. Saúde mental é assunto sério”, garante.

Atente aos sinais

Quando um ser humano não está bem, ele emite alertas de que precisa cuidar da saúde mental. Suelen ressalta que os indivíduos são diferentes, e por isso as expressões e manifestações enquanto atravessam períodos difíceis emocionalmente podem variar. “Apesar disso, podemos estar atentos a alguns sinais como: problemas em manter a concentração, dificuldades relacionadas ao sono, sensação de cansaço e desânimo constantes, entre outros. A fadiga mental pode estar ligada a situações prolongadas de estresse, ansiedade ou até por excesso de trabalho. Nesses casos, a pessoa sente uma perda considerável de energia, desmotivação e apatia, por isso, reforça-se a importância de que na presença destes ou de outros sintomas, que possam estar causando algum tipo de prejuízo, deve-se procurar ajuda profissional”, aconselha.

De acordo com a psicóloga, cuidar da saúde mental envolve questões pessoais, sociais, emocionais e financeiras, que podem estar relacionadas à convivência consigo ou com os demais. Além disso, Suelen realça que se deve cuidar da mente de janeiro a janeiro. “Entendo que essa demanda não deve se restringir apenas quando desejamos controlar sintomas. Se você está com alguma situação que sente que está causando danos em sua vida ou em suas relações, não deixe de buscar auxílio”, recomenda.

Janeiro Branco para alcançar o equilíbrio

Segundo Suelen, é essencial combater o preconceito é sempre falar sobre o tema, não apenas neste mês, mas em todo o ano, propondo debates e tentando entender que cada pessoa tem seu jeito de funcionar, mesmo que seja diferente. “O objetivo da campanha é colocar o assunto em evidência, buscando pensar e construir diferentes narrativas de convivência, além de promover a conscientização e prevenção ao adoecimento emocional”, menciona.

Em 2023, o tema da campanha é “Equilíbrio”. A psicóloga sublinha que o desenvolvimento dessa qualidade permite encontrar caminhos para lidar de uma maneira mais leve e justa com as situações e sentimentos que surgem por meio delas. “Sabemos que nem sempre está tudo bem, principalmente diante de um cenário cada vez mais desafiador e acelerado, mas muitas vezes o fato de olhar para as situações de forma mais equilibrada é o que pode fazer a diferença. Depois da pandemia, isolamento social, conexões cada vez mais virtuais, excesso de telas e corrida contra o tempo, precisamos repensar sobre a importância do equilíbrio para nossa saúde mental. Nada em demasia é saudável”, frisa.

A profissional salienta que o ser humano busca elaborar a ideia de que um indivíduo mentalmente saudável compreende que ninguém é perfeito, que todos têm limites e que não se pode ser tudo para todos. “Sabemos que a vida real é regada de diversas emoções, desafios e mudanças. Não existe um passo a passo ideal, pois essa busca é singular e requer muito envolvimento e tolerância”, aponta.

Suelen destaca que a “boa notícia” é que é possível desenvolver a habilidade de lidar com os próprios sentimentos e utilizá-los no dia a dia para levar uma vida mais equilibrada emocionalmente. “De qualquer forma, diria que neste processo é importante reconhecer seus sentimentos e expressar suas emoções aceitando o que não pode ser mudado e que nem tudo na vida está sob nosso controle. O sentir é uma parte inevitável da vida humana e devemos procurar compreender essa questão da melhor maneira para cada realidade”, argumenta.

Dicas para um 2023 de muita saúde mental

Suelen acredita que pequenas ações inseridas no dia a dia podem causar mudanças de grande impacto com o passar do tempo, a fim de promover hábitos positivos que proporcionem melhoras para o corpo e para a mente. “Ter um tempo de descanso, estabelecer prioridades e estar atento às comparações podem ser um excelente ponto de partida. Acredito que podemos buscar sermos melhores e, ainda assim, nos olharmos com acolhimento e empatia, celebrando nossas pequenas e grandes conquistas e tudo aquilo que somos. Portanto, além de manter uma rotina equilibrada nas demais esferas, deseje genuinamente se conhecer em 2023! Saber quando nossa mente e emoções pedem para desacelerar amplia o nosso entendimento sobre as coisas, torna a vida mais leve, e, sem dúvidas, faz com que nos sintamos melhores e mais felizes”, finaliza.