Tudo indica que bons ventos devem soprar em Bento Gonçalves neste ano. Nos primeiros 20 dias de 2014, a comunidade será informada da intenção da M. Dias Branco, detentora das marcas Adria e Isabela, com fábrica em nosso município, de ampliar seus negócios por aqui. Só a notícia da possibilidade de injeção de R$ 173 milhões em um empreendimento na cidade fez com que o governador Tarso Genro mudasse inteiramente sua agenda para pessoalmente assinar o protocolo de intenções do governo do estado com a empresa.
Esta ação tão impetuosa da empresa M. Dias Branco mostra que o setor industrial deve viver um novo cenário em 2014. A recuperação da indústria pode estar começando, depois de dois anos muito ruins, mas as perspectivas para 2014 ainda são de crescimento muito moderado. De toda forma, há sinais de otimismo entre os dirigentes do setor e hoje há mais pontos positivos do que em novembro, como mostra a Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação, da Fundação Getúlio Vargas.
Os números mostram que o otimismo dos governos Tarso e Pasin não é para menos. Serão R$ 123 milhões para a construção de um moinho de trigo e outros R$ 50 milhões para a ampliação da indústria. É a maior produtora de massas e biscoitos do Brasil mostrando aos governos o quanto tem interesse de investir em Bento Gonçalves.
Nenhum desses números valeria um comentário otimista, se a indústria de transformação estivesse operando em condições mais próximas da normalidade. Mas o setor esteve muito mal nos últimos dois anos. Perdeu espaço no comércio exterior e tem tido muita dificuldade para enfrentar os estrangeiros até no mercado interno, apesar da proteção oferecida a alguns segmentos pela política federal. Entre 1996 e 2012 a parcela de importados no consumo de bens industriais intermediários e finais passou de 12,5% para 22%. No terceiro trimestre de 2013 essa participação chegou a 22,8%, segundo pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex). O aumento de participação foi especialmente sensível nos últimos seis anos.
Os sinais de otimismo detectados neste protocolo de intenções entre governo do estado e M. Dias Branco podem ser antecipações de uma retomada do investimento industrial. O total investido pelo governo e pelo setor privado em todos os setores da economia continua abaixo de 20% do Produto Interno Bruto. No ano passado, o investimento diminuiu e a proporção em relação ao PIB foi pouco superior a 18%, uma taxa baixíssima em relação às necessidades nacionais (de, no mínimo, 24%) quanto e também quando comparada com os padrões das economias emergentes.
A nossa eterna “Isabela” está na contramão do que preveem os economistas. Vem mostrando que é possível aspostar no crescimento e no desenvolvimento de uma empresa, de uma comunidade, de um município. E estes resultados estão aparecendo aqui, na nossa Bento Gonçalves. Para o orgulho de todos nós.