Outubro é o mês dedicado aos idosos – apesar de que acredito que devamos dedicar nossa vida a eles. São anos de lutas, de muito trabalho, de muito amor, carinho e dificuldades e, cada vez mais, eles se fazem presentes em nossas vidas, participativos, ativos.
Mas afinal, quem pode ser considerando idoso nos dias atuais? Essa é uma pergunta que muitas pessoas devem se fazer, uma vez que muitas pessoas passam dos 60 com mais disposição e vitalidade que muitos jovens.
Aqui no Brasil, por exemplo, é considerado idoso quem chega aos 60 anos. Porém, tanto na aparência quanto na capacidade, existem “idosos” de 60 – eu não acho idoso uma pessoa com 60, mas vamos lá – que aparentam não ter nem 50 anos. E não é porque não sofreram, porque não trabalharam, muito pelo contrário, é porque sofreram e trabalharam.
Para mim, aparentam muito mais velhas as pessoas que aos 20, 30 ou 40 anos não fazem nada, estão se arrastando.
O que me chama mais atenção é a criação de inúmeras leis com o intuito de defender pessoas na terceira, ou melhor idade. Isso deveria ser automático, é uma questão de educação, de consideração, e não de Lei. Mas infelizmente, precisamos chegar a este ponto.

“O que me chama mais atenção é a criação de inúmeras leis com o intuito de defender pessoas na terceira, ou melhor idade”


Desde 2003, ou seja, há exatos 10 anos, o Estatuto do Idoso foi criado, mas nada de concreto ou inovador se vê a respeito dos cuidados, da proteção, da dignidade e dos bons tratos com pessoas idosas.
O que mais se vê é abandono, violência, falta de tolerância, de paciência. É inadmissível que precisemos, nós, que nos intitulamos humanos, criar um Estatuto para utilizar como objeto de proteção a pessoas que tanto fizeram – e ainda fazem – em suas vidas.
O que falta, na realidade, não é uma Lei, nem um Estatuto, mas sim que a sociedade veja seus idosos como seres envolvidos em nosso cotidiano, em nossa vida, inseridos e ativos.
O que falta é educação aos jovens, aqueles mesmos que fingem estar dormindo nos ônibus para não deixar seu assento para um idoso que ingressa no coletivo.
O que falta é o Sistema Único de Saúde cumprir com suas obrigações acerca dos idosos, que passam horas, dias, meses e até anos numa fila aguardando por um muitas vezes simples procedimento cirúrgico, de varizes, de catarata.
O que falta é o Governo, independente da instância, se dar conta que o salário mínimo oferecido aos idosos – esses com mais de 60 anos – não é suficiente para sequer comprarem os remédios que precisam tomar continuamente, afinal, nem todos são gratuitos pela rede pública. E muitos idosos pagam aluguel, sem contar que precisam comer e se vestir.
O Governo, esse mesmo que não vê as necessidades dos idosos, é o que oferece uma lista de remédios gratuitos e não se dá conta que nem todas as pessoas podem tomar os mesmos. E os problemas são os mesmos, ou seja, diabetes, hipertensão, alzaimer. Ou seja, todos os medicamentos para esses problemas deveriam ser gratuitos a partir dos 60, ou 70 anos, que seja.
Os planos de saúde particulares, como sabemos, são terminantemente proibidos de reajustar as mensalidades de acordo com o critério da idade. Mas eles arrumaram outros critérios para aumentar o valor…
O idoso internado ou em observação em qualquer unidade de saúde tem direito a acompanhante por tempo determinado pelo profissional que o atende e nem sempre essas normas são cumpridas.
Então, para quê Lei, para quê Estatuto? Poderia até dizer que outubro, o Mês do Idoso, é ideal para refletirmos a respeito. Mas não é isso que eu quero dizer… O ideal não é refletirmos em outubro. O ideal é agirmos já!