Osamba “saiu” do ritmo na noite dessa segunda-feira (16): faleceu, aos 97 anos, a cantora Dona Ivone Lara. Internada desde sexta-feira (13), no Centro de Tratamento e Terapia Intensiva (CTI) da Coordenação de Emergência Regional (CER), no Leblon, Zona Sul do Rio de Janeiro, devido a uma insuficiência respiratória, a sambista já vinha apresentando um quadro de anemia. Nos últimos dias, precisou receber doações de sangue.

Carreira

Nascida em 13 de abril de 1921, em Botafogo, Yvonne Lara da Costa é filha de músicos. A mãe, Emerentina Bento da Silva, ganhava a vida como costureira, mas era soprano e cantora de blocos tradicionais como o Flor do Abacate. O pai era José da Silva Lara, um violonista de sete cordas que desfilava no também clássico Blocos dos Africanos.

Na adolescência, estudou estudou música erudita com Lucília Villa-Lobos, casada com o maestro Heitor Villa-Lobos. Enfermeira de formação, trabalhou em hospitais até 1977, período em que trabalhou junto com a psiquiatra Nise da Silveira, no Serviço Nacional de Doenças Mentais. Ao se aposentar, Dona Ivone já tinha três discos lançados: “Sambão 70” (1970), “Quem samba fica?” (1972), “Samba minha verdade, minha raiz” (1974).

Em cinquenta anos de vida musical, ela gravou 16 álbuns de estúdio. Compositora consagrada, teve músicas gravadas por grandes nomes da música brasileira, como Clara Nunes, Maria Bethânia, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Beth Carvalho e Marisa Monte. A sambista também enveredou pela carreira de atriz. Em 1997, ela foi Zulmira de Iansã, no “A Força de Xango”. Em 1982, em um especial do “Sítio do Pica-Pau Amarelo”, ela deu vida à cozinheira Tia Nastácia.