Nasci nesta data, 17 de agosto, e já são passados 68 anos. Quase setentão, me olho no espelho e fico feliz por ter enxergado cada uma das rugas que apareceram em meu rosto. Na cabeça, poucos cabelos e muitos já brancos. Que bom!
Olho para frente e vejo pessoas com idade mais avançada e, cá com meus botões, acredito que chegarei lá. Se fosse uma questão de escolha de tempo, mais uns 25 anos seriam suficientes.
Não me sinto um velho e se não fosse a barriga, os braços mais fracos, as pernas pesadas, as manchas nas mãos, as rugas do rosto e os cabelos brancos, me sentiria um guri.
Foi ótimo estar na fila de embarque no aeroporto, aquela destinada aos idosos, e ser informado por uma rapaz de que a fila era apenas para os idosos. Me fez um bem danado e gentilmente mostrei a carteira de identidade agradecendo pelo elogio.
Sinto-me um privilegiado quando posso estacionar nos locais destinados aos idosos. Ao comprar ingresso de cinema só me cobram meio ingresso. Nas agências bancárias existem senhas especiais para a terceira idade. É só coisa boa.
No cemitério tem uma vaga esperando e não tenho pressa para chegar lá. Sei que um dia qualquer ocuparei aquela vaga mas só irei carregado e NÃO TENHO PRESSA!
Fico sentido quando alguém mais novo fura a fila e se bandeia para o outro lado antes do tempo. Alguns sem querer fazê-lo mas outros, por pura pressa, abusam da vida sem dar importância para o presente que ganhamos de Deus todos os dias: VIVER.
Não tenho pressa e quero ver o resto de meus cabelos todos brancos, as rugas que ainda não apareceram no rosto e tantas outras coisas da velhice.
Para aqueles que tem mais do que meus míseros 68 anos, saibam que pretendo alcança-los e que entre nós sempre haverá a mesma diferença de idade, desde que eu também não fure a fila.
Que meus leitores também tenham um dia muito feliz e que todos sejam “velhos” um dia, sem pressa de chegar lá.
E quando já tiver passado o meu tempo, que todos possa dizer:
– “O VELHO VIVEU FELIZ!”