As aulas ocorrem a partir de março e proporcionarão ampliar os conhecimentos sobre as possibilidades de elaborar ações e atividades entre patrimônio e acessibilidade

Acessibilidade e patrimônio são as bases do novo projeto da historiadora Cristine Tedesco, contemplado pelo Fundo Municipal de Cultura. O objetivo é propor meios para a concretização de ações e atividades que possibilitam a ampliação deste público ter mais contatos com os mundos artísticos e culturais. “Exposição de acervos históricos e artísticos com acessibilidade: tecnologias, conceitos e métodos” oferece oficinas para salvaguarda de fotografias, imagens tridimensionais, obras de arte, livros e documentos, a serem realizadas no Museu do Imigrante de Bento Gonçalves, a partir de março deste ano.

Serão oferecidos todos os materiais para realização das oficinas e as inscrições são gratuitas, com total de 10 vagas e 50 horas de duração, sendo 20 horas práticas e 30 conceituais. Após a finalização das atividades, será realizada uma exposição na Sala de Exposições temporárias do Museu do Imigrante, com apresentação dos resultados à comunidade.

A mostra contará com audiodescrição dos objetos, fotografias, livros e documentos que forem submetidos aos métodos de higienização e conservação durante as oficinas do projeto, além de documentário dos processos, com tradução em Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). Por fim, será publicado um catálogo digital da exposição, com textos sobre conservação de acervos, fotografias dos itens apresentados na mostra e diretrizes para percursos expositivos com tecnologias de acessibilidade.

Cristine Tedesco já vem trabalhando há algum tempo com o contexto da acessibilidade e patrimônio. Ela fez um curso de 80 horas na instituição Artedata, de Florença, Itália. Essa formação oportunizou uma série de experiências e imersão em acervos europeus em que há preocupação com acessibilidade. O curso resultou numa oficina realizada no Museu do Imigrante, em 2022.

A historiadora comenta que na ocasião, foram debatidas estratégias para ampliar o acesso de todas as pessoas ao acervo. “Em parceria com o Centro de Tecnologias de Acessibilidade (CTA) do Instituto Federal de Educação, campus Bento Gonçalves, foram desenvolvidas duas réplicas de uma pipa, doadas ao acervo do Museu do Imigrante. As peças foram impressas por meio de tecnologia 3D, favorecendo a sensação tátil aos visitantes”, descreve.

Cada vez mais há esta visão voltada para a inserção da acessibilidade na cidadania cultural. E o projeto vem de encontro para proporcionar possibilidades de criar meios de efetivar e aproximar a realidade dos deficientes com o universo patrimonial. “Nos encontros conceituais, serão discutidas estratégias para acessibilidade nos acervos documentais, visuais e nos percursos expositivos, com base em pesquisas desenvolvidas pelos professores ministrantes, participações em cursos no Brasil e no exterior, além das experiências da equipe em outros projetos com acessibilidade”, ressalta.

De acordo com Cristine, o que atrai, em sua visão, é a oportunidade de tornar os conteúdos acessíveis a mais pessoas. “O conceito de acessibilidade é amplo, envolve a preocupação com portadores de deficiência física, intelectual, deficiente auditivos, deficientes visuais e etc., mas também para crianças, pessoas idosas, pessoas com visão reduzida, pessoas daltônicas, entre outras. Dessa forma, pensar acessibilidade é se perguntar: quem terá acesso ao meu projeto, ao conteúdo que pretendo oferecer ou ao espaço que vou construir? A partir desse questionamento é possível pensar métodos e usos de tecnologias para acessibilidade de todas as pessoas”, enfatiza.

O projeto oportuniza a contratação de distintos profissionais da cidade e região, com participação das historiadoras Cristine Tedesco e Sabrina de Lima Greselle, dos conservadores-restauradores Juliane Cescon e Fernando Pozzer, do agente cultural Sandro Giordani, da designer Thaís Macedo e do curador Micael Biasin.

Link para inscrição: https://forms.gle/Vz5bNvHF3rYffwmk8