Médico do Tacchini explica que os exemplos mais comuns desse tipo de doença são problemas gástricos, alergias de pele e alimentares, asma, síndrome do intestino irritável, impotência sexual, infertilidade, fadigas, palpitação, insônia, entre outros

Cuidar da saúde vai muito além de ter bons hábitos incluídos no cotidiano. O corpo e a mente são interdependentes, por isso, é necessário que as emoções e o psicológico estejam saudáveis para que se consiga manter o bem-estar físico. Caso contrário, problemas graves podem se desenvolver.

O psiquiatra do Hospital Tacchini, Fabrício Grasselli, explica que as doenças psicossomáticas ocorrem como consequência do desajuste dos processos psicológicos e mentais do indivíduo. “As emoções descontroladas, os pensamentos negativos acabam desregulando as funções orgânicas que, sobrecarregadas, atrapalham o bom funcionamento do organismo. Diferente das doenças mentais, em que o mau desempenho não é opcional”, explica.

O médico expõe que os exemplos mais comuns desse tipo de doença são problemas gástricos, alergias de pele e alimentares, asma, síndrome do intestino irritável, impotência sexual, infertilidade, fadigas, palpitação, insônia, entre outros.

Para Grasselli, o estresse é conhecido como a maior causa de problemas psicossomáticos, pois desencadeia o mau funcionamento do sistema nervoso, responsável por detectar os estímulos externos e internos, tanto físicos quanto químicos, levando as respostas musculares e glandulares. “Por exemplo, fazem parte do sistema nervoso vegetativo: o coração, os vasos sanguíneos, o trato gastrointestinal, a bexiga, os ureteres, o útero e as glândulas. Quando uma pessoa é exposta a uma situação estressante, o sistema nervoso simpático é ativado, produzindo resposta conhecida como ‘luta ou fuga’, na qual se inclui a elevação da pressão arterial, aumento do fluxo de sangue para os músculos ativos, do metabolismo, da concentração sanguínea de glicose, da atividade mental e estado de alerta mais intenso. Esta desregulação é a principal causa das doenças psicossomáticas”, garante.

Nesses casos, o psiquiatra aponta que o sistema gastrointestinal é especialmente sensível ao estresse geral, e que a perda de apetite é um dos seus primeiros sintomas, devido à paralização do trato-gastrointestinal sob ação simpática, e pode ser seguido por vômitos, constipação e diarreia, no caso de bloqueios emocionais. “Sinais de irritação e perturbação dos órgãos digestivos podem ocorrer em qualquer tipo de estresse emocional”, esclarece.

Ademais, Grasselli relata que as úlceras gástricas são registradas com maior frequência em pessoas que são desajustadas em seu trabalho e que sofrem de tensão e frustração constantes. “Importante mencionar que estudos comprovam que o estresse crônico resulta na supressão do sistema imunológico. O estresse realimenta o desequilíbrio emocional, que pode vir a aumentar a produção de células anormais no momento em que o corpo se encontra menos capacitado a destruí-las”, aponta.

De acordo com o médico, é importante ressaltar que o estresse varia de pessoa para pessoa. “Cada um vai agir de uma forma diferente diante das situações. Muitos não ficam doentes, mesmo quando recebem grandes cargas. É necessário, ainda, examinar a reação específica de cada pessoa ao fator estressante. No mais, evitar ao máximo situações de tensão, tentando levar uma vida tranquila buscando como maior aliado os hábitos saudáveis é uma forma de prevenir as doenças psicossomáticas”, aconselha.

Em casos de doença já desenvolvida, o melhor é começar a resolver a situação o quanto antes, buscando auxílio de profissionais qualificados. “O tratamento geralmente inclui a realização de psicoterapia, além do acompanhamento com o psiquiatra, que poderá indicar medicamentos, como antidepressivos ou ansiolíticos, para ajudar a aliviar os sintomas”, salienta.

Grasselli, porém, ressalta que a força maior se encontra no indivíduo, que deve desenvolver hábitos alimentares saudáveis e exercícios físicos regulares. “Deve-se evitar a exposição a fatores geradores de estresse, bem como buscar realizar atividades que lhe tragam satisfação. Importante ainda cercar-se de uma rede social, família, amigos e outros que possam oferecer acolhimento e conforto”, finaliza.