Movimento proporciona inúmeras experiências e aprendizados aos participantes

Dia 23, é celebrado o Dia do Escoteiro, movimento que foi fundado em 1907 no Reino Unido, por Robert Stephenson Smyth Baden-Powell, carinhosamente chamado de B-P. Presente em 223 países, o escotismo reúne mais de 58 milhões de associados em todo o mundo. Só no Brasil os números ultrapassam os 100 mil. Bento Gonçalves conta com dois grupos escoteiros, sendo eles o Grupo Escoteiro Ciretama e o Videira. As atividades são realizadas todos os sábados, na parte da tarde.
Sendo uma organização sem fins lucrativos, o movimento tem como valores contribuir para a educação do jovem, baseados na Promessa e na Lei Escoteira, ajudando a construir um mundo melhor, aonde se valorize a realização individual e a participação construtiva em sociedade. As atividades incentivam os participantes a assumirem o seu desenvolvimento e se colocarem em situações antes nunca experimentadas.

Lobinhos

O ramo escoteiro é dividido em fases, cada uma com a idade apropriada para corresponder com a evolução dos que ingressam. Quando uma criança de sete a dez anos entra, é apresentada aos lobinhos. Nesse momento, eles começam a promover a socialização, autonomia, aprendizagem de valores, respeito, trabalho em grupo, bem como o amor à natureza e a Deus, por meio do plano de fundo da Jangal e do menino Lobo. É neste momento em que são transmitidos alguns lemas que carregaram consigo pelo restante da sua vida. Eles aprendem que, mesmo diferentes, devem se respeitar e fazer o melhor possível. Esse lema é levado durante todo esse processo.
Claudia Fernanda Giusti Anderson, trabalha há 11 anos com as crianças. Ela, que é a Akela (chefe) dos lobinhos do Grupo de Escoteiros Ciretama, comenta sobre a evolução obtida pelos pequenos nesse período. “É muito bom trabalhar a parte lúdica com eles. Ensinamos diversos valores que um lobinho deve ter com sua alcateia e assim vemos o crescimento deles no movimento escoteiro. Eles acabam mudando, entrando imaturos e saem mais conscientes”, ressalta.

Escoteiros

A próxima etapa dentro do escotismo é a de escoteiro, atendendo a faixa etária dos 11 a 14 anos. Nessa fase, os participantes colocam os ensinamentos em prática, se despedem das brincadeiras apresentadas enquanto lobinhos, e, com isso, se abrem para atividades práticas e teóricas, como montagem de barraca, fogão e tenda, por exemplo. Além disso, exploram a natureza e são apresentados ao sistema de Patrulha, onde existe uma hierarquia a ser seguida, e exercem funções como cozinheiro, tesoureiro, enfermeiro, entre outros.
Também começam a participar dos acampamentos, onde desenvolvem suas habilidades e são colocados em situações adversas, assim, vão conquistando sua independência através do tempo. Com seu lema sendo agora o de ‘Sempre Alerta’, significa que o escoteiro deve estar preparado mentalmente, sempre lembrando de seus valores e, fisicamente, tornando-se ativo, forte e capaz de realizar o que for necessário.
A antes escoteira, agora sênior do Ciretama, Maria Carolina Pizotto Dal Pizzol, falou sobre a melhor parte de ser um escoteiro. “Os acampamentos são legais. Nós chegamos em um lugar sem nada e ali temos que montar a estrutura onde vamos dormir e comer. É impossível ter um acampamento que não se tire algo bom. Às vezes conhecemos alguém novo ou aprendemos algo diferente, todo acampamento é uma experiência nova”, considera.

Sênior e Pioneiro

Entrando na adolescência, os jovens de 15 a 17 anos se deparam com o ramo Sênior. Nesse momento, deixam a parte teórica de lado e aventuram-se em atividades mais elaboradas, físicas e que requerem capacitações. São estimulados a desenvolverem suas habilidades e suas tomadas de decisões de forma individual e em equipe. É um período de aventura, adrenalina, coragem e superação.
A última fase é designada para jovens-adultos, entre os 18 e 21 anos, sendo denominada como ramo Pioneiro, onde buscam seu lugar no mundo por meio do seu projeto de vida. Nesse momento, o foco é tornar-se membro ativo na sociedade e em sua comunidade, buscando seu propósito com eventos que ajudam e promovam as lideranças, o servir, e a realização de grandes ações sociais. Com o lema ‘Servir’, eles se voltam às boas ações, reafirmando a promessa aceita no passado, buscando ajudar o próximo em toda e qualquer ocasião.
O pioneiro João Pedro Giusti Anderson passou por todas as fases do escotismo. Ele diz que nessa etapa possui mais liberdade nas escolhas das atividades a serem feitas, mas sempre junto com o grupo, procura realizar ações sociais. “Se aprende muito aqui. Temos bastante convívio social, principalmente o trabalho em equipe. Por exemplo, agora estou fazendo mais trabalhos sociais, ajudando diversas pessoas da cidade. Dessa forma, vou conhecendo os indivíduos, as necessidades que eles têm e isso acaba influenciando na minha visão de mundo”, salienta.
Depois desse período, o jovem pode optar por se tornar um adulto voluntário, que é chamado de chefe Escoteiro ou Escotista e, assim, podendo ensinar os próximos jovens dentro do movimento.

Ciretama, mais de
60 anos em movimento

O grupo escoteiro Ciretama é o mais antigo da cidade. Foi fundado em 3 de setembro de 1960, pelo padre Ênio Tarasconi. Neste dia, foi feita a primeira promessa escoteira, marcando, assim, oficialmente a sua abertura. Originalmente foi fundado seguindo as origens cristãs, com o objetivo de trazer os valores cristãos e as práticas escoteiras para os jovens de Bento. Com o passar dos anos, o propósito foi mudando, mas algumas coisas foram mantidas.
Ainda seguindo a missão de Robert Stephenson Smyth Baden-Powell, o grupo se mantém na cidade com mais de 100 integrantes. Maria Carolina Pizotto Dal Pizzol expressa alguns dos valores desenvolvidos durante os anos. “Todo o aprendizado que a escola não me fornece, eu tive aqui. Aprendi a trabalhar com ideias diferentes, com várias opiniões e pessoas. Isso não é algo fácil, mas aqui se aprende que é”, realça.
Ela pontua que o escotismo não é somente uma atividade para se fazer uma vez na semana, ele está presente, diariamente, na vida dos participantes. “Faço parte do movimento há mais da metade da minha vida. Não é só aos sábados e quando tem acampamento, também venho durante a semana. Então, faz parte da minha rotina. Tem gente que eu conheço desde o primeiro acampamento, a maioria dos meus amigos estão aqui dentro”, comenta Maria.
Devido à essas experiências e ensinamentos, o grupo possui uma alta demanda de jovens querendo ingressar. A presidente, Andreia Pizotto Dal Pizzol, ressalta que há fila de espera. “Cerca de 50 crianças estão querendo ingressar, porém, não temos chefes suficientes. Queremos que todos participem, mas precisamos de um número proporcional de jovens para chefes”, diz. Com o intuito de formar cidadãos melhores e preparados para enfrentar as dificuldades da vida, o grupo se encontra todos os sábados na parte da tarde, no bairro Universitário.

Uma década do Videira

O Videira foi fundado há 10 anos, a partir da necessidade de acomodar os interessados que estavam na fila de espera nos outros grupos, e do sonho de antigos escoteiros de retornar ao movimento agora como adultos voluntários. A agremiação tem como propósito contribuir para o desenvolvimento dos jovens, ajudando-os a realizar plenamente suas possibilidades físicas, intelectuais, emocionais, sociais e espirituais, como indivíduos, cidadãos responsáveis e membros de suas comunidades locais, nacionais e internacionais.
Thais Anhaia, diretora Administrativa do Grupo Escoteiro Videira, comenta sobre como o escotismo influencia no desenvolvimento dos participantes. “O escotismo é uma filosofia de vida, que ensina o respeito pela natureza, a tolerância, a igualdade, o companheirismo, a atividade física e a capacidade de superar adversidades”, diz.
Por meio de brincadeiras e jogos, o grupo busca passar aprendizagens e valores, com o intuito de deixar o mundo um pouco melhor. As atividades ocorrem aos sábados, das 14h até às 17h, na lateral do Ginásio Municipal de Esportes.