Ação, marcada para o dia 1º de abril, visa mostrar descontentamento junto às ações do governo do Estado que devem prejudicar a renda das famílias, fechamento de postos de trabalho e inviabilizar a atividade de pequenos agricultores familiares

A recente proposta do governo do Estado tem encontrado resistência em diversos setores empresariais gaúchos, que alegam que a medida não vai alcançar o efeito desejado de aumentar a arrecadação de tributos. A contestação dos setores empresariais surge em meio à discussão sobre os impactos econômicos e fiscais da proposta governamental. Muitos empresários argumentam que o aumento dos tributos pode sobrecarregar ainda mais as empresas, desestimular investimentos e prejudicar a competitividade do Estado.

Na tentativa de sensibilizar o governador Eduardo Leite e sua equipe econômica, lideranças de classe, estão convocando a comunidade para participar de uma grande mobilização que ocorrerá na frente do Palácio Piratini. O evento está marcado para o dia 1º de abril, às 15 horas, e tem como objetivo protestar contra os decretos do Governador Eduardo Leite que aumentam os impostos sobre a alimentação dos gaúchos.

A medida, segundo lideranças dos segmentos afetados pela retirada de benefícios fiscais, representa um sério impacto para as famílias, afetando a renda e comprometendo empregos, negócios e a viabilidade de pequenos agricultores familiares. De acordo com a Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul), a elevação dos tributos sobre alimentos essenciais afeta diretamente o bolso dos cidadãos e agrava a situação econômica já delicada de muitas pessoas. “É uma violência contra 11 milhões de gaúchos que vão perder renda”, argumenta o presidente da entidade, Rodrigo Sousa Costa.

Lideranças de setores afetados criticam medida adotada pelo governo gaúcho

O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Bento Gonçalves e vice-presidente da Federação Varejista do Rio Grande do Sul, Marcos Carbone, expõe uma crítica ao aumento da carga tributária. Ele argumenta que elevar os impostos prejudica não apenas os setores fundamentais da economia, mas também os cidadãos, que acabam arcando com os custos adicionais. “Elevar a carga tributária penaliza todos os setores motrizes da economia e, sobretudo, o cidadão, que paga a conta. O único beneficiado é o Estado, que tenta de forma equivocada sanar suas contas, sem considerar que essa medida terá efeito reverso no processo de desenvolvimento socioeconômico. Com tributos mais altos, as empresas investem e produzem menos. As pessoas, por sua vez, consomem em menor quantidade, por conta da elevação dos preços, o que vai impactar negativamente no desempenho da indústria, geradora de emprego e renda”, garante.

O dirigente destaca ainda que a medida resulta em impactos negativos no desenvolvimento socioeconômico. Especificamente para o comércio, Carbone enfatiza que o aumento dos impostos não pode ser absorvido pelos varejistas, o que levará a uma desaceleração do consumo e compromete a sustentabilidade dos negócios. “O repasse do aumento no valor final do produto vai, sim, frear o consumo, comprometendo a sustentabilidade do negócio. A CDL-BG, associada a Federação Varejista do Rio Grande do Sul, assume a mesma posição de contrariedade ao aumento de impostos exposta no manifesto que a entidade estadual desenvolveu e está compartilhando com mais um esforço de sensibilização junto ao Governo do Estado”, afirma.

O membro do Conselho Superior da Federasul, César Anderle, também critica a proposta de retirada de subsídios. Segundo ele, o aumento de impostos vai fazer com que a classe que menos recebe seja a mais impactada.

Para o dirigente, os benefícios fiscais que o governo, ao longo do tempo, concedeu para o empresariado gaúcho foi justamente para ter competitividade em relação ao mercado brasileiro, inclusive mundial. “Os subsídios são exatamente para equilibrar essa conta e fazer com que os nossos produtos regionais e estaduais sejam atrativos para quem compra a mercadoria”, explica. “Nós precisamos realmente que o governo revogue totalmente os decretos para que a gente tenha condições básicas de continuar oferecendo um produto gaúcho para o povo gaúcho, afirma.

Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Bento Gonçalves e presidente Comissão Interestadual da Uva, Cedenir Postal, a suspensão de benefícios proposta pelo governo afeta diretamente o setor agrícola, uma vez que encarece o preço de insumos, que até então não tinham incidência de impostos. “Com a mudança, haverá cobrança de ICMS nos fertilizantes e dos defensivos E isso vai encarecer o custo de produção, pois são produtos usados diretamente pelos agricultores”, explica. Segundo o dirigente sindical, nem os distribuidores e os supermercados vão absorver esse novo custo. “Ou eles vão repassar para o consumidor final ou aos agricultores na hora da compra. Então também, certamente, vai afetar”, revela.

De acordo com Postal, uma das demandas indicadas pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS) e que deve ser retirada do decreto de corte é a dos produtos das agroindústrias, que seriam, até então, afetados com a nova medida. “A indicação é de que as agroindústrias familiares não deverão pagar ICMS. Foi uma demanda da Fetag e dos sindicatos para que as agroindústrias não sofressem com isso”, pontua.