Entusiasta, além de comandar a empresa, foi o motivador para a criação do diversas entidades regionais

Um visionário. É assim que será lembrado o empresário Emyr Farina que faleceu nesta semana, perto de completar 99 anos. Por quase dez décadas, o empreendedor bento-gonçalvense, muito entusiasta, dedicou-se às causas empresariais. Além disso, foi o motivador e idealizador da criação de associações e centros de indústrias que permanecem até hoje, exercendo o protagonismo e impulsionando o progresso e desenvolvimento da comunidade bento-gonçalvense e da região.

Farina nasceu em 30 de abril de 1923, filho de Egydio Farina e Balbina Brévia Farina e irmão de Norma Farina Dreher, Orlando Farina, Nilza Farina Michelin, Arlindo Adriano Farina. Casado com Lourdes Natalina Franceschi Farina, e pai de Hilton e Valéria Farina.

A trajetória

Ele começou a trabalhar em 1936, aos 13 anos, a pedido da sua mãe. Formou-se contador pela Escola Técnica de Comércio Nossa Senhora Aparecida de Bento Gonçalves. Em 1941, prestou serviço militar. Em 1946, lecionou no Ginásio do Aparecida. De 1947 a 1949, foi professor no Ginásio N. S. Medianeira e de 1947 a 1953, passou a trabalhar na firma Ruga, Farina e Cia Ltda. Atuou também em Porto Alegre na empresa H.T. Moeller da qual a firma Ruga, Farina era sócia. No seu retorno a Bento Gonçalves passou a atuar na empresa da família, hoje Farina S/A Fundições e Metalurgia, onde permaneceu durante muitos anos.

Entre tantos feitos, de 1953 a 1962, participou da equipe que criou o Escritório Modelo, professor Felix Faccenda, pioneiro no Brasil, e do Sistema de Ensino Funcional ou de Classes-Empresa, inaugurado em 8 de maio de 1955, na Escola Técnica de Comércio N. S. Aparecida.

Entre 1962 a 1965, fundou e presidiu o Centro da Indústria Fabril, hoje Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves (CIC-BG). De 1957 a 1968, foi professor na Escola de Viticultura e Enologia.
De 1964 a 1968, foi membro integrante do Conselho do Plano de Urbanização no Governo Municipal do Prefeito Milton Rosa. De 1966 a 1970, foi membro da comissão especial da Escola de Viticultura e Enologia de Bento Gonçalves, hoje escola Agrotécnica Federal. No período de 1968 a 1970, com a criação da Faculdade de Economia da Capital do Vinho, ocupou o cargo de primeiro secretário do Campus Universitário, por três anos.

Nos anos de 1973 a 1976, fundou e presidiu o Sindicato da Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Bento Gonçalves. Em 1977, passou a integrar o corpo de Conselheiros da Diretoria e Conselho Regional do Estado, da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica – ABINEE. Em 1975 assumiu o cargo de Diretor Executivo do Centro da Indústria Fabril.

Em 1979 foi nomeado assessor do prefeito municipal. Nesse mesmo ano assumiu também o cargo de Diretor Executivo do CIC-BG.

De 1979 a 1980, exerceu a presidência do Rotary Clube. Foi presidente da Comissão de Integração Regional da IV Fenavinho, membro integrante do Conselho Fiscal do Conselho Comunitário pró-Segurança Pública- CONSEP.

Em 1981 prestou assistência e orientação técnica aos empresários de Lagoa Vermelha na criação da Associação das Indústrias da Construção e do Mobiliário do município. Colaborou também, junto à diretoria, para a criação da Associação Profissional dos Empregados em Turismo e Hospitalidade de Bento Gonçalves. Na década de 80 também atuou como juiz classista Patronal na Justiça do Trabalho e juntamente com o senhor Darwin João Geremia, promoveu a construção do que é hoje o Fórum da Justiça do Trabalho de Bento Gonçalves. Em decorrência desta atividade foi admitido no grau de Oficial da Ordem do Mérito Judiciário do Trabalho, em Brasília, recebendo tal distinção das mãos do então Ministro do Superior Tribunal do Trabalho, Dr. Ermes Pedro Pedrassani. Ao longo de sua vida profissional também foi membro de inúmeros Conselhos e Comissões nas mais diversas áreas.

Farina é detentor de um legado e de uma história que jamais se apagarão das memórias de quem conviveu com ele. Por conta disso, nas redes sociais, muitas pessoas que conheciam Farina prestaram suas condolências.

A Liga de Combate ao Câncer de Bento Gonçalves, onde a filha, Valéria Farina, é a 2ª vice-presidente também emitiu nota lamentando a perda. “Prestamos a nossa solidariedade. Desejamos força aos amigos e familiares nesse momento de dor e perda, e que Deus o receba de braços abertos”.

O adeus das lideranças

“Ficamos muito tristes com o falecimento do empresário, Emyr Farina. Um homem a frente do seu tempo, que sempre buscou que os anseios da comunidade empreendedora da cidade fossem ouvidos. Pelas suas mãos entidades como CIC e Simmme iniciaram seu trabalho, e hoje são representantes do setor. Os sentimentos aos familiares e amigos”.
Prefeito Diogo Segabinazzi Siqueira

“Emyr foi um visionário para nossa cidade, percebendo todo o potencial de desenvolvimento industrial que Bento começava a despontar nos anos 1960, no caminho para se tornar um polo nacional nos segmentos moveleiro e vinícola. Empresário e professor, seu Emyr nos deixou grandes ensinamentos, como a cooperação entre os setores produtivos e um olhar voltado também para os interesses do trabalhador”
Marijane Paese, presidente do CIC-BG

“Falar do seu Emyr não é fácil, principalmente por aquilo que ele tanto fez: ser um grande empreendedor para suas empresas, um grande professor quando do escritório modelo no Aparecida e na Universidade e, principalmente ,pela sua dedicação nas causas sociais onde sempre se prontificou a defender os anseios do setor empresarial. Foi um grande visionário, sendo presidente do Centro Comercial antigamente, hoje CIC, desenvolvendo grande gestão. Além disso, foi o primeiro presidente do Sindicato Metalúrgico e de Materiais Elétricos de Bento Gonçalves. Ele compreendeu e viu a necessidade de sempre ter ao lado os empresários e empregados. É uma perda para Bento e região. Ele sempre foi uma referência para nós e vai continuar sendo por meio do legado que deixou na sociedade bento-gonçalvense”.
Juarez José Piva, presidente do Simmme-BG

“Emyr Farina tem seu nome eternizado na história de Bento Gonçalves como grande liderança e verdadeiro incentivador do desenvolvimento do município, especialmente no que tange aos setores industriais, econômico e representativo. No setor metalmecânico, contribuiu de forma determinante para o fortalecimento do segmento, incentivando e promovendo o fomento às indústrias, geradoras de emprego, sem esquecer do diálogo com a classe trabalhadora, prezado pela harmonia salutar que precisa haver nessa relação. Seu legado de contribuições é de tão ampla abrangência que será, sempre, motivo de orgulho e fonte de inspiração para as novas lideranças locais”.
Deoclides dos Santos, presidente do STIMMME-BG