Em média, 32 atropelamentos por ano são registrados em Bento Gonçalves

O Brasil é o quinto país em mortes no trânsito. A cada hora, cinco pessoas morrem e vinte vão para o hospital, segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM). Além dos óbitos, os acidentes ferem de 20 a 50 milhões de pessoas por ano, no mundo. Entre as causas principais que agravam o problema, está a imprudência, tanto por parte dos condutores quanto dos pedestres.

No Rio Grande do Sul, entre 2009 e 2018, um total de 3.852 pessoas perderam a vida vítimas de atropelamentos. O número representa 20,2% do total de 19.091 mortes registradas no mesmo período analisado. Os dados são do Departamento Estadual de Trânsito (Detran).

Em Bento Gonçalves, em média, 32 atropelamentos são registrados anualmente. De acordo com informações cedidas pela Brigada Militar (BM), em todo ano passado foram registrados 29 atropelamentos enquanto em 2019 o número já é superior: até o momento, foram 35. Entretanto, o tenente-coronel Paulo César de Carvalho, da BM, esclarece que, embora a maioria envolva os pedestres, esses números também englobam atropelamentos de animais, ciclistas e motociclistas. Confira na tabela.

Dados referentes a Bento Gonçalves entre 2017 e 2019

A reportagem esteve no centro da cidade, local de intensa circulação, para observar a conduta dos motoristas e pedestres. Em cerca de uma hora, foram inúmeros os flagrantes de comportamentos que poderiam causar algum acidente. Dentre eles, pessoas que, embora com a faixa de segurança a poucos metros de distância, atravessavam a rua fora dela; pedestres arriscando cruzar as vias no meio de carros e ônibus; outros atravessando a rua com o sinal aberto para passagem de veículos.

Confirmando esse cenário observado, o tenente-coronel Carvalho assume que a maioria dos atropelamentos causados na cidade ocorrem fora da faixa de segurança. “A gente percebe que em Bento tem essa cultura dos motoristas parar para as pessoas atravessarem a rua, por isso orientamos que se tem faixa, atravessem nela. Grande parte dos atropelamentos são de pedestres que saem de trás de uma árvore ou de determinado veículo e de repente o condutor se depara com a pessoa e ocorre o atropelamento”, aponta.

O que dizem os pedestres

Conversando com as pessoas que circulavam nas ruas centrais, a maioria admitiu para a reportagem que, mesmo considerando a cidade bem sinalizada, a pressa costuma fazer com que não utilizem as faixas de seguranças. “O que falta é atenção das pessoas. Faixas tem o suficiente, não dá para colocar uma a cada três metros. A maioria cruza fora, como eu acabei de cruzar. A gente não se dá conta, mas é um pequeno detalhe que pode causar um transtorno”, analisa a assistente administrativa, Nadir De Toni.

A caixa Aline Lisboa Santana também acredita que falta conscientização das pessoas para amenizar o problema. “Tem bastante faixa e elas estão bem distribuídas, então deve ser preguiça de andar um pouco mais para travessar no local certo. Se cada um fizer sua parte dá para reduzir os números”, aponta.

Ações para reduzir

Por parte da Brigada Militar, Carvalho afirma que a ideia é conversar com a Guarda Municipal para verificar os pontos onde estão ocorrendo mais atropelamentos para aumentar a sinalização ou, se possível, colocar um guarda de trânsito para diminuir os índices ainda esse ano.

Já o Secretário de Gestão Integrada e Mobilidade Urbana (SEGIMU), Gilberto Rosa, conta que sinais visuais e sonoros para os pedestres estão sendo instalados na cidade, sendo que o mais recente foi na Rua Marechal Floriano.

Além disso, o secretário afirma que guarda-corpos também estão sendo colocados em alguns locais. “Semana passada colocamos na Rua Porto Alegre, dos dois lados da via, fechamos a esquina com proteção, justamente para conduzir as pessoas para a faixa de pedestres, porque ali é uma via muito movimentada, principalmente em horários de pico e as pessoas atravessavam na frente dos veículos, então ali nos preocupava muito os acidentes de trânsito”, relata.

Sobre a possível colocação de mais faixas de segurança, Da Rosa aponta que, toda colocação de equipamentos novos na cidade depende de um estudo e acredita que isso não seria a solução para o problema. “A faixa tem que estar colocada em local adequado e o usuário também que se dispor a utilizar, é um conjunto”, concluí.