São 28 anos que trabalho nas Empresas BERTOLINI e todo o santo dia, exceto quando estou viajando, em férias e dias de descanso, faço o mesmo trajeto até a Linha Eulália.
Calculei as vezes que transitei no trecho: 22.400 vezes. Há vezes que me distraio e o carro vai sozinho para meu local de trabalho.
O acesso a Eulália é um atentado a vida e assim todos os demais, até o acesso a Farroupilha. Aquele do Bairro Santa Rita, com duas mãos na subida, uma mão na descida e entra e sai de carros nos dois lados da BR 470 é um “Deus nos Acuda”.
São cruzamentos tão perigosos que obrigam muita atenção e acho ser por esta razão que ocorrem poucos acidentes.
A BR 470, é muito perigosa. Tem lugares sem acostamento, com asfalto precário, curvas acentuadas, precipícios, barrancos de pedra, pontes em curva e pista estreita. Muitas vidas já foram ceifadas por culpa da estrada e imprudência de motoristas.
Mesmo com tanto riscos, a paisagem ao longo da rodovia é linda e atrai muitos viajantes. É só dar uma voltinha nos finais de semana e ver o impressionante tráfego de turistas.
Quando chove o perigo aumenta, e muito. É cerração, água na pista, cachoeiras descendo os morros e parece que tudo vem a baixo. Sem querer as pessoas acabam rezando.
Dizem que a “Capital da Cerração” é Carlos Barbosa.
Sei de um caso que, de tanta cerração, um fulano acompanhou outro carro em todo o trecho da rodovia. Se o carro da frente trafegasse a 30 km/h ou outro o seguia na mesma marcha, sempre atrás e, fosse qual fosse a velocidade, o fulano acompanhava. Foi de repente que o carro da frente parou e, “pimba”, o fulano bateu na traseira. Cheio de razão, apeou já reclamando daquela parada.
Muito calmo, o motorista do carro abalroado retrucou:
– “Moço! Repare onde você colidiu no meu carro. Eu estou no pátio de minha casa e aquela porta ali na frente é minha garagem.”
Cuidado pessoal, muito cuidado que a estrada é perigosa. Cada vida que a estrada nos toma nos faz refletir um pouquinho mais.