Dança é a arte de movimentar expressivamente o corpo seguindo movimentos ritmados, em geral ao som de música. Em Bento Gonçalves, essa forma de expressão cultural e artística tem ganhado destaque, oferecendo aos participantes não apenas entretenimento, mas também uma série de benefícios físicos, emocionais e sociais.

A dança é praticada desde os tempos pré-históricos, e por isso geralmente se diz que ela é uma expressão cultural que acompanha a humanidade. É considerada uma arte completa, sendo capaz de exprimir tanto as mais simples quanto as mais fortes emoções.

O significado da dança vai além da expressão artística, podendo ser vista como entretenimento, desenvolvimento da criatividade e importante forma de comunicação. Através da dança, uma pessoa pode expressar o seu estado de espírito. Ela pode ser acompanhada por instrumentos de percussão ou melódicos, ou ainda pela leitura de diferentes textos.

Essa linguagem teve forte influência nas sociedades ao longo dos tempos. Como via de socialização e disseminação de cultura, proporcionou ao mundo o conhecimento sobre a diversidade cultural dos diferentes povos, especialmente através das danças folclóricas.

A dança tem a capacidade única de capturar e transmitir traços distintivos das diversas culturas ao longo do tempo. Com uma ampla gama de estilos, cada um com sua própria personalidade.

A prática tem uma forte influência nas sociedades ao longo dos tempos, servindo como um meio de socialização e disseminação de cultura. Em Bento Gonçalves, eventos e festivais de dança celebram essa diversidade cultural, destacando danças folclóricas que proporcionam um vislumbre das tradições e histórias de diferentes povos. Esses eventos não apenas entretêm, mas também educam o público sobre a riqueza das culturas locais e internacionais.

Além disso ela proporciona uma ampla gama de benefícios à saúde, incluindo aspectos terapêuticos, culturais, sociais, educacionais e científicos. Durante a dança, o cérebro libera serotonina, melhorando humor e sono, como em outras atividades físicas, proporcionando sensação de alívio. Uma forma de arte, atividade física ou uma prática de lazer. Não importa como encare a dança, o fato é que trata-se de uma prática benéfica para o organismo como um todo. Impossível não se divertir e sorrir sambando, dançando forró ou fazendo dança aeróbica.

Há diversos tipos de dança, praticados em vários períodos da história e em todos os lugares do mundo.

Uma vida dedicada ao Ballet

O Ballet originou-se no século 16, durante o Renascimento, e sofreu inúmeras modificações ao longo do tempo. Hoje, existem muitos estilos de Ballet, dentre os quais o clássico e o contemporâneo.
Nina, ou Marina Carneiro Aver, tem 31 anos e começou a se interessar pela dança desde muito jovem, influenciada pela mãe, que era professora de dança. “Minha mãe foi a grande responsável por hoje, trabalhar com o que amo. Iniciei as aulas de dança ainda pequena e, com o passar do tempo, decidi que queria fazer o Ballet”, conta Nina.

Sua trajetória inclui uma sólida formação em dança, com estudos de Ballet clássico iniciados em 1999 no Studio de Dança Patrícia Johnson. Ao longo dos anos, ela participou de diversos cursos e festivais com renomados profissionais, co-fundou o Studio de Dança Nina Aver em 2012, e especializou-se na técnica russa de Agrippina Vaganova na Escola de Teatro Bolshoi em 2019.

Fazer arte em Bento Gonçalves tem seus desafios e oportunidades. Segundo Nina, “os principais desafios na cidade incluem a falta de espaços adequados para ensaios e apresentações, assim como a necessidade de mais investimento e apoio cultural. Mas as oportunidades são muitas também, como a chance de crescer artisticamente em uma comunidade acolhedora e receptiva”, explica.

Benefícios para os jovens

A dança oferece inúmeros benefícios para os jovens. Nina destaca que, além de melhorar a postura, a coordenação motora e a flexibilidade, a dança ajuda a desenvolver a disciplina, a autoconfiança e a criatividade dos alunos. “O Ballet contribui de forma incrível para o desenvolvimento físico, emocional e social dos alunos”, afirma. Ela explica que fisicamente, o Ballet fortalece os músculos e melhora a postura e a flexibilidade; emocionalmente, proporciona um espaço de expressão e conexão com as emoções; e socialmente, promove o trabalho em equipe, a cooperação e a amizade entre os alunos.

A prática do Ballet também tem um impacto positivo na saúde mental. Nina ressalta que a consciência corporal desenvolvida através do Ballet pode facilitar o diagnóstico e a prevenção de doenças físicas e mentais. “A consciência corporal desenvolvida através do Ballet pode facilitar o diagnóstico e a prevenção de doenças físicas e mentais, pois os bailarinos tendem a identificar mais rapidamente alterações em seu corpo e a buscar cuidados de saúde preventivos”, explica.

O impacto da dança na comunidade de Bento Gonçalves é significativo. Segundo Nina, a dança promove a expressão artística, a integração social e o bem-estar físico e emocional dos participantes. Ela vê a relação entre a dança e outras formas de arte no município como enriquecedora, possibilitando colaborações criativas e eventos culturais diversificados que enriquecem a vida cultural da cidade.
Nina tem grandes planos para o futuro do Studio de Dança Nina Aver e para a promoção da dança em Bento Gonçalves. “Meus objetivos futuros para o Studio incluem expandir as aulas, promover espetáculos, workshops e fortalecer parcerias com outras entidades”, diz ela. Nina também espera ver mais apoio e desenvolvimento da dança na cidade, com mais espaços culturais dedicados à arte e programas de incentivo para jovens bailarinos.

Para os jovens que estão começando a se interessar pelo Ballet ou pela dança em geral, Nina aconselha: “Pratiquem com muita dedicação, respeitem seu corpo, busquem aprender com humildade e se permitam expressar sua criatividade através dos movimentos”, finaliza.

Dança folclórica italiana

Jussara Schwarz Rasador, de 42 anos, começou sua trajetória na dança aos 10 anos de idade, quando uma professora de Educação Física passou na escola onde estudava, convidando os alunos a participarem de ensaios de danças italianas. “Fui com a intenção de assistir só por curiosidade. Acabei me apaixonando pela dança folclórica italiana! A história que a Profe Nádia contava sobre as danças e sobre os imigrantes Italianos me fascinava”, conta Jussara.

Desde então, Jussara nunca mais parou de dançar e continuou sua formação no grupo Stella D’Italia. Ela se formou em Educação Física e se especializou em dança na PUCRS, além de participar de diversos cursos e seminários de formação em dança folclórica italiana, inclusive com professores da Itália.
Para ela, o município é o lugar perfeito para fomentar a dança. “O cenário das artes em Bento Gonçalves é maravilhoso! É diversificado, tem espaços para inúmeras manifestações artísticas e culturais. Acredito que Bento Gonçalves seja uma referência regional, por incentivar, apoiar e dar suporte para as artes”, afirma Jussara. Ela destaca que, para os artistas, o maior desafio é a escolha das propostas e a seleção do que pode ser realizado, dado o grande número de possibilidades e oportunidades na esfera municipal, estadual e federal.

A dança folclórica italiana proporciona uma série de benefícios para seus praticantes. Segundo Jussara, além do respeito em torno da diversidade cultural e da prática de atividades físicas, a dança desenvolve habilidades sócio-emocionais, afetivas e de formação cidadã. “A dança é uma ferramenta fantástica para conhecer os limites e as possibilidades do próprio corpo, bem como desenvolver e ampliar as habilidades rítmicas, sincronismo e postura corporal”, explica.

A prática também favorece a formação da identidade individual, permitindo que os participantes entendam seu papel no trabalho coletivo. Nos ensaios, as habilidades são compartilhadas, criando um ambiente de aprendizagem e crescimento conjunto.

Jussara compartilha que, ao longo de seus 30 anos como dançarina e 24 anos como professora e coordenadora do grupo, vivenciou muitos momentos marcantes. Desde a primeira apresentação de um dançarino até acampamentos e viagens de estudo, cada experiência contribuiu para a construção de uma verdadeira família dentro do grupo.

Um dos momentos mais emocionantes para Jussara foi quando uma participante de uma oficina de dança para senhoras da terceira idade lhe contou, aos 86 anos, que estava dançando pela primeira vez na vida. “Ela me disse que sempre trabalhou com a agricultura e não tinha tempo para o lazer. Ela ainda me contou que sua família falava que dançar era considerado pecado. Isso me marcou profundamente!”, relembra.

Para Jussara, o futuro das danças folclóricas depende dos grupos que a praticam. “Em Bento Gonçalves, temos dois grupos que se mantêm ativos e participativos. É de fundamental importância que se dê continuidade a esse trabalho. Ao conhecer e experienciar a dança folclórica italiana, dificilmente conseguimos esquecê-la”, diz ela.

Jussara enfatiza a necessidade de difundir o conhecimento e a prática da dança folclórica italiana, através de iniciativas privadas e, principalmente, públicas. “Penso que os impactos da dança em minha vida pessoal estão diretamente conectados com a minha autoestima, motivação e humor. Esses aspectos me permitem realizar as funções do meu dia a dia com mais leveza e solidez”, conclui.

Encantamento, magia, conhecimento e cumplicidade são palavras que Jussara usa para descrever a dança. “Quem dança é muito mais feliz”, afirma ela, ecoando as palavras de Martha Graham: “A dança é a linguagem escondida da alma”, conclui.

Tradicionalismo gaúcho

O instrutor de danças tradicionais gaúchas no CTG Laço Velho, Mateus Dal Magro, iniciou sua carreira muito cedo. “Minha carreira como instrutor em Bento Gonçalves começou no CTG Laço Velho. Iniciei a dançar no CTG há 32 anos, com oito anos de idade. Sempre gostei muito, e com o tempo, os patrões do CTG Ronda Charrua perceberam em mim um perfil interessante para instruir. Desde então, sou professor de danças tradicionais”, explica.

A arte de ensinar a dança vem com seus próprios desafios e recompensas. “Os maiores desafios estão relacionados a ensinar crianças, jovens e adultos, que têm diferentes velocidades de aprendizado. Porém, as recompensas são enormes. Ver o trabalho sendo disseminado e os resultados alcançados na arte não tem preço”, conta.

A dança oferece inúmeros benefícios. “Ela não é apenas uma atividade física que melhora a coordenação motora. Participar de um grupo de danças no CTG também afasta os jovens de outras possibilidades menos saudáveis, promovendo disciplina e dedicação que se refletem em suas vidas pessoais e profissionais”, diz.

A dança tradicional gaúcha contribui significativamente para o desenvolvimento integral dos indivíduos. “Ela ajuda a liberar hormônios responsáveis pela sensação de felicidade, promove a interação social com colegas e instrutores, e melhora o preparo físico e a resistência. Também trabalha a consciência corporal, prevenindo problemas físicos como dores na coluna”, mostra.

Ao longo de sua carreira de 22 anos, o instrutor testemunhou diversas transformações positivas em seus alunos. “Lembro de uma criança que tinha extrema dificuldade com ritmo e coordenação. Com o tempo e dedicação, não só superou essas dificuldades, mas também desenvolveu outras habilidades, como interpretação e expressão gestual. Esses avanços se refletiram positivamente em sua vida”, conta.

O CTG Laço Velho promove a inclusão e integração dos jovens através da dança. “As apresentações em escolas e comunidades, e as competições em rodeios pelo estado, proporcionam uma forte interação entre jovens de diferentes cidades. Projetos que incluem a dança tradicional nas escolas aumentam significativamente a participação dos jovens nas atividades tradicionalistas”, conta.

Para ele, a dança tradicional gaúcha é uma poderosa ferramenta de união e aprendizado. “Ela ensina valores importantes como respeito, disciplina e a importância de ter objetivos. O lema do CTG Laço Velho, ‘Gaúcho mesmo longe da Querência’, reflete o orgulho e a hospitalidade dos gaúchos, sempre acolhendo onde quer que estejam”, valoriza.

Para os jovens que se interessam pela dança, o instrutor tem uma mensagem encorajadora: “Tentem, pois embora a dança tradicional possa parecer difícil no início, com dedicação e apoio dos colegas e instrutores, o aprendizado se torna mais fácil. A dança é um ambiente saudável e repleto de amizades e felicidade”, garante.

O apoio da comunidade e dos pais é fundamental. “Incentivem os jovens a conhecer o ambiente do CTG e a superar as dificuldades iniciais. O primeiro passo é o incentivo, mostrando que, apesar dos desafios, a dança traz muitos benefícios e alegrias”, conclui.

Fotos: Kmila Vendrame/ Redes Sociais/ Reprodução/ Divulgação/Arquivo Pessoal