Um dos riscos é a desidratação, pois, com a idade, há uma redução na quantidade de água no corpo, diminuindo a sede. Geriatra, fisioterapeuta e nutricionista dão dicas de como cuidar da saúde das pessoas na melhor idade diante das altas temperaturas

O verão está no seu ápice, com altas temperaturas e dias mais longos. Os cuidados com a saúde nesse período precisam ser intensificados, tanto para crianças, adultos e principalmente para os idosos.
A geriatra Bruna Cambrussi explica que o verão pode influenciar na saúde da melhor idade de diversas maneiras. “Pelo lado positivo, deixa a maioria das pessoas mais disposta a fazer atividades, ao ar livre principalmente, e comer alimentos mais naturais, como frutas e saladas, o que é ótimo e deve ser estimulado. Porém, a perspectiva negativa é que as pessoas ficam expostas a temperaturas bastante altas, têm maior exposição solar e maior risco de desidratação”, expõe.

Nos dias de calor intenso, a médica enfatiza que o mais importante é atentar para o consumo de líquidos, principalmente a água. “A perda de líquido ao longo de um dia de calor é intensa e pacientes mais idosos tendem a sentir menos sede, acarretando quadros de desidratação. Vale sempre ficar com uma garrafinha por perto para lembrar, mesmo que não sinta vontade, e procurar incluir na rotina alimentos que possuam grande quantidade de água, como frutas e verduras”, aconselha.

Evitar a desidratação é importante, pois ela pode acarretar em diversas complicações. “Desde casos mais leves, em que o intestino pode ficar mais lento, pode apresentar dores de cabeça e indisposição até os episódios mais graves, que levam à hospitalização e à piora do funcionamento dos rins”, salienta.

Além disso, a médica esclarece que os idosos acabam sendo mais sensíveis à desidratação do que os pacientes jovens. “Isso ocorre pela redução de quantidade de água corporal que o envelhecimento natural acarreta e, também, porque muitos idosos tomam medicamentos que, eventualmente, precisam ser ajustados nos períodos de calor, como anti-hipertensivos e diuréticos”, sublinha.

De acordo com Bruna, outra dica importante é lembrar de caprichar no uso de proteção solar, seja por meio de roupas com fator de proteção ou o filtro, além de chapéu sempre que for se expor ao sol. “Caso você cuide de algum idoso, lembre-se sempre de oferecer água diversas vezes ao dia e não só nos momentos em que ele pedir”, recomenda.

Para evitar problemas com o sol e o calor, a geriatra ensina que as atividades ao ar livre devem ser realizadas no início da manhã e final da tarde. “Caminhadas, por exemplo, devem ser feitas preferencialmente nos horários em que as temperaturas estão mais amenas e a incidência solar é menor”, indica.

Exercícios na melhor idade

A fisioterapeuta especializada em atendimento à pessoa idosa, Alexandra Spolti, destaca que os hábitos de vida saudáveis, alimentação equilibrada, sono de qualidade, exercícios físicos regulares, reforço nas atividades cognitivas e sociais, cuidados com a saúde emocional, exames periódicos e atitudes positivas, fazem parte dessa caminhada rumo à longevidade com qualidade de vida.

Ela ressalta que a fisioterapia em gerontologia é a especialidade que atua nas disfunções do processo de envelhecimento e nas síndromes geriátricas, de maneira preventiva, reabilitadora e de promoção em saúde. “Seu maior objetivo é preservar e desenvolver a funcionalidade da pessoa idosa”, descreve.
Segundo Alexandra, manter-se ativo é fundamental para que possamos envelhecer com qualidade. “São inúmeras as opções, como por exemplo, hidroterapia, pilates, fisioterapia domiciliar, caminhadas, yoga, entre outros”, respalda.

Conforme a profissional, cada idoso é único e a melhor atividade é a que seja possível de ser feita dentro das possibilidades. “Exercícios que a sua fisioterapeuta e equipe profissional aprovem, que a pessoa idosa goste e lhe traga bem-estar. Não deve ser difícil e nem cansativo demais, mas precisa ser possível de ser feito. Seja treino de força muscular, flexibilidade ou aeróbicos, o importante é manter a vida em movimento”, sugere.

Ela ainda assegura que a frequência semanal e o tempo são determinados conforme as necessidades individuais. “Nos dias mais quentes, o adequado é realizar as atividades em local com uma temperatura agradável, com roupas leves e confortáveis e dar atenção especial para a hidratação”, propõe.

Ademais, a fisioterapeuta aconselha a manter os membros inferiores acima do nível do coração ao deitar, para estímulo circulatório, além de não passar longos períodos sentado ou deitado. “Movimentar os pés em todas as direções, levantar os calcanhares, elevar os dedos dos pés com os calcanhares apoiados, sentado fazer movimento de ‘marchar’ elevando o pé do chão e alternando as pernas, ficar na ponta dos pés com apoio das mãos em uma superfície estável, são algumas dicas”, comenta.

Como cuidar da alimentação?

A nutricionista especialista em Envelhecimento e Saúde do Idoso, Larissa Fitarelli Pistoia, destaca que o calor requer dos idosos precauções com respeito à alimentação. “Devem cuidar mais para evitar desidratação e diversas doenças, como viroses”, reitera.

Os cuidados essenciais, como explica a profissional, devem ser a busca por ingerir mais líquidos, como água, sucos, chás gelados, verduras e legumes. “As frutas com maior quantidade de líquido irão auxiliar nos períodos mais quentes, como melancia, abacaxi, melão e laranja. As verduras seriam o pepino e a alface, por exemplo. Outro alimento que hidrata muito, e é uma ótima opção para o calor, é a água de coco, rica em sais minerais”, sugere.

Diante das altas temperaturas, alguns riscos são iminentes para as pessoas mais velhas. “Um dos maiores perigos relacionados à alimentação no verão é a intoxicação alimentar, ocasionada por contaminação dos alimentos por toxinas ou parasitas”, finaliza Larissa.

Benefícios de manter a atividade corporal

Conforme a fisioterapeuta Alexandra, entre os benefícios das atividades físicas estão:
• Melhora na mobilidade;
• Melhora funcional, nas tarefas do dia a dia;
• Melhora nos sintomas depressivos;
• Diminuição de dores;
• Ganho de força e disposição;
• Prevenção de quedas;
• Autonomia.