Imagine-se numa ilha paradisíaca com acompanhante, tomando sol “europeu” e banho numa piscina de água tão azul quanto o mar, com muitas ofertas de serviços ao seu dispor. Está se sentindo um verdadeiro marajá das Arábias, tendo uma dúzia de vassalos para atender aos seus caprichos? Então, estale os dedos e faça seu pedido.

Grande conhecedor de vinhos, você pede Champanhe. E seu desejo, que é multiplicado por cinco ou seis (conforme a cotação do euro), chega servido numa tábua de frios em forma de barcaça, com queijos, salame e azeitonas, castanhas, amêndoas, amoras, morangos e framboesa, uvas verdes, pretas e rosadas, molhos, biscoitinhos e outras delícias típicas do Jardim do Éden. E duas taças com aquele líquido borbulhante que faz cócegas na garganta. Você e sua bela Eva se deleitam com o pecado do prazer.

         O dia só acaba quando a noite chega. Você está satisfeito, saciado e feliz. Mas é hora de dar adeus… Então, não mais que de repente, você é arremessado de Nárnia e dá de cara com o chão que, embora tenha o piso aquecido, não evita o impacto. Dói muito. No cartão de crédito obviamente. 

         Quem mandou você usar a palavra proibida, que agrega valores dignos da região nordeste da França, para um vinho branco espumante que, no final das contas, seu paladar nem percebe a diferença de outro qualquer?! Bom, ao menos você aproveitou as iguarias combinadas a dedo, mas um patê com torradinha era capaz de quebrar o galho… 

         A lição foi aprendida. Hoje, você não esquece que marcas que acabaram virando sinônimo dos produtos, não podem ser ditas em vão, sem pagar o devido preço. E com toda a razão. Afinal, elas ousaram, inovaram e fizeram a cabeça das pessoas. A sua, inclusive. Então, cuidado com as armadilhas das palavras!

         Por outro lado, não exagere com esse lance do linguisticamente correto. De vez em quando, vá na onda, que a praia é assim mesmo… Por falar nisso, agora, mais do que nunca, terá de providenciar sacolas térmicas ou similares para mamadeiras e papinhas antes de erguer o guarda-sol na areia. Mas, ao adquirir esses badulaques, esqueça a caixa de “poliestireno expandido”. Use a palavra que caiu no gosto popular, o incrivelmente leve e badalado “isopor”. Igualmente, na farmácia, não peça “astes flexíveis”, para não parecer esnobe. Fale, sem culpa, em “cotonetes” e use com parcimônia, nos ouvidinhos do nosso mais novo dengo.    

         P.S.: Só mais uma coisinha: “Modess” sim caiu de moda! Há uma década e meia. Não te contaram?