Segundo a Companhia, cerca de 15 mil pessoas de quatro bairros da cidade precisarão modificar a tubulação das casas

A Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) passa a assumir de forma oficial, que os moradores da Zona Sul de Bento Gonçalves terão que colocar a “mão no bolso” para fazer a ligação entre a sua residência com a nova rede coletora de esgoto. A necessidade se dá em virtude da construção da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) no bairro Barracão e adaptações exigidas em contrato, pela prefeitura, já que o projeto original obriga a construção de coletores de separação total, diferenciando as redes de saneamento e abastecimento.

Segundo o gestor da Corsan no município, Marciano Dal Pizzol, a partir de abril a Companhia pretende notificar os cidadãos que terão que passar pelas adequações. Dal Pizzol reforça, “haverá uma ampla divulgação. O usuário não será cobrado já em abril, terá um período onde o cidadão será notificado e após, vai gerar um tempo de carência onde ele pode ou não se ligar a rede e, efetuando ou não a ligação, haverá um novo período de carência para as adequações”, destaca. O período de carência deve ser de seis meses.

Cobrança

Tendo em vista o alto custo que pode pesar no orçamento do bento-gonçalvense, a Corsan se propõe a oferecer subsídios para que estes possam se adequar as exigências sem malabarismos financeiros. Segundo estimativas da própria empresa, 15.463 habitantes, dos bairros Santa Marta, Santo Antão, Imigrante e Fenavinho, além de moradores de condomínios e residenciais privados, serão os primeiros a receber essa atualização.
A Companhia afirma não esperar um acréscimo no valor da arrecadação líquida. Contudo, conforme Dal Pizzol, a taxa será relacionada a “cobranças operacionais de material e o mínimo de mão de obra”. Ele ainda complementa, “os valores cobrados nem de perto suprem o que temos de gastos. O custo de tratamento de esgoto é muito alto. Nossa estimativa é que 70% do que se consome vira esgoto. Se esse valor fosse repassado ao usuário seria alto, pesado”, relata o gestor.
Ainda segundo Marciano, com a contribuição da população e a operacionalização da ETE, a Corsan espera ter mais fôlego para investimentos na qualidade do serviço já oferecido na cidade. “Vamos produzir investimentos para que de fato possamos melhorar nossos mananciais. Com isso esperamos reduzir os custos de operação, para que possamos investir em abastecimento e saneamento”, enfatiza.

Marciano Dal Pizzol, gestor da Corsan em Bento Gonçalves. Foto: Lorenzo Franchi.

 

“Quanto mais pessoas aderirem, menos custo haverá”

Recebida a notificação oficial da Corsan, o morador deve buscar atendimento na sede da entidade para devidos encaminhamentos. Após, com base no cadastro pessoal, irá ser apresentado os benefícios do projeto e as condições para que o cidadão se adapte as recomendações. “A Corsan, em conjunto com a Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Rio Grande do Sul (AGERGS), implementou um projeto de disponibilidade de esgoto. A partir da estação de tratamento em funcionamento, o usuário vai ser notificado e terá um tempo hábil para se apresentar à Corsan e fazer sua ligação. Após esse prazo, se o usuário não se regularizar, ele terá uma cobrança por disponibilidade. O que significa isso, a disponibilidade de esgoto terá um preço mesmo que o cliente não se ligue a rede”, reforça.

Ainda sem valores concretos, Marciano Dal Pizzol traz o seguinte cenário, “se o usuário não se ligar a rede ele vai pagar um valor. Se ele optar por ligar, irá pagar a metade ”. A estimativa de cobrança da taxação de esgoto, condiz a 70% do consumo de água. Esse valor é uma base, embora a disponibilidade de esgoto tem outros valores, podendo ser mais baixa ou mais alta. Quanto mais gente se adequar, menos taxação haverá”, observa.

Sobre as estratégias adotadas pela entidade e as formas como o cidadão terá para se adaptar, o gestor afirma que serão oferecidos, pelo menos, três encaminhamentos. “A partir do cadastro oferecemos três empresas pré-credenciadas pela Corsan, que serão as responsáveis pela instalação. Por que três? Porque elas terão custos diferentes, então cabe a cada uma delas oferecer a melhor condição aos usuários, onde ele terá uma possibilidade melhor negociação”, ressalta Dal Pizzol.

Proprietários terão período de 6 meses para regularização. Foto: Lorenzo Franchi

Questionado sobre valores que serão repassados aos usuários, o gestor não quis dar valores em definitivo, mas apontou um panorama. “Creio que ficará na base de R$ 300. Contudo, há muitos locais que a gente vai ter uma soleira negativa – parte mais baixa que o nível da rua – onde terá que ser instalado uma mini-estação de bombeamento. Aí sim, haverá um encarecimento. As empresas estarão preparadas para isso”, disse.

Com o intuito de oferecer condições aos habitantes que não possuem condições financeiras favoráveis, a Corsan se propõe em auxiliar com a ligação a rede coletora. “Iremos fazer essas ligações intradomicilaires em usuários de baixa renda. Então, por acaso, se a pessoa não houver condições, há um programa específico pra pessoas que recebem benefícios estaduais, federais, municipais no qual ele comprovando renda de baixa renda, a Corsan irá dar uma assistência, quanto a isto, com custos bem inferiores aos que serão cobrados pelas empresas”, ressalta Dal Pizzol.

O gestor ainda revela que a Companhia não chegou a procurar a prefeitura para que o poder público divida custos com a população, mas destaca que essa possibilidade não foi descartada.
Com prazo para ser entregue e estar em pleno funcionamento até o final deste ano, a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), do Barracão, ainda se resume em um campo inicial de obras. Embora assuma o atraso, relacionado a problemas com a empresa e contrato anteriores, Marciano Dal Pizzol demonstra-se confiante. “É uma estação de tratamento compacta, pré fabricada em aço e inox, de rápida instalação. Ela vai tratar 11 litros por segundo de esgoto. A intenção é que até setembro ou outubro deste ano ela esteja em pleno funcionamento”, afirma.

Sobre o incremento da ETE para a cidade, o gestor pontua que “a ideia da estação é que ela vem para dar uma qualidade melhor para os nossos mananciais, a fim de reduzir nossa operação. Vamos coletar novamente uma água onde hoje praticamente não há tratamento, com qualidade melhor e, assim, possamos distribuir uma produto melhor para a população”, projeta Dal Pizzol .