Cinco coisas são fundamentais para que uma comunidade do interior de nosso município seja perfeita: a capela, o cemitério, o salão de festas, o campo de futebol e a escolinha.
Quando comemoram o santo da comunidade, todos se unem para oferecer uma festa onde o ponto alto é o manjar no salão de banquetes. Todos se unem no trabalho e o esmero das cozinheiras e fundamental para que o evento seja um sucesso.
Aqui na cidade de Bento Gonçalves também foi assim. Não haviam restaurantes e a comunidade se reunia no salão das paróquias para festejar o santo padroeiro. Esmeradas cozinheiras deixaram marcas que para os saudosos comensais parecem insuperáveis.
Lembram da sopa de capeleti da Dona Pina? Da carne lessa? Do piem? Tantas outras cozinheiras deixaram suas marcas na história.
Hoje os restaurantes preencheram o espaço social para reunir as pessoas ao redor de uma mesa e o salão paroquial parecia pouco valorizado até que domingo estive lá, num almoço da comunidade de São Francisco. Refiz meus conceitos.
Haviam quatrocentas pessoas no Salão Paroquial Santo Antônio e vi pessoas que já há muito não nos encontrávamos. Um meu amigo de infância, pensei até que já havia morrido. A cidade cresceu e as pessoas não frequentam os mesmos lugares.
Revivi bons momentos da infância, quando o Cleimar fazia rodopios ao leiloar tortas e pudins. Com sucessivos lances de centavos mantínhamos o Cleimar percorrendo as mesas. Queríamos que a calda do pudim entrasse pela manga de seu casaco até molhar o cotovelo. Bem feito para o arrematador que ao receber o prato viu o Cleimar tirar seu dedão de dentro do pudim. Coisas do passado!
Foi uma festa como antigamente. A sopa, divina, parecia receita da Dona Pina e, depois de três generosos pratos fundos, consegui apenas saborear uns dois pedaços de piem e outro de carne lessa.
Na parede do salão os cartazes das festas do Padroeiro Santo Antônio. O mais antigo é de 1952 e o festeiro o Seu Pedro Caleffi, meu saudoso pai. Na 112ª Festa fui um dos festeiros.